sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Prédio do Museu Paulo Setúbal recebe obras de conservação

1º andar recebe pintura interna
Edifício recebe troca de calhas, limpeza da caixa d'água, dedetização, desratização e pintura interna.

Desde meados de março, diversas obras de melhorias estão sendo realizadas no prédio do Museu Histórico Paulo Setúbal, que é tombado como Patrimônio Histórico, Cultural e Arquitetônico, por meio do processo de tombamento nº 01/2020 do CONDEPHAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí) e do Decreto Municipal nº 20.708 de 20 de agosto de 2020.

Em virtude de o edifício ser composto de forro e piso de madeira, foi realizada a dedetização e desratização, limpeza das caixas d’água, como tratamento preventivo, para evitar problemas no prédio e no acervo da reserva técnica, que tem um rico material impresso. O telhado do Museu também sofreu intervenções, como a troca de calhas e obras para sanar as goteiras e infiltrações que ocorriam em alguns pontos.

Atualmente, os ambientes que compõe o 1º andar do prédio histórico – sala de exposição temporária, hall, corredor e escada que liga ao piso térreo, auditório, corredor, recepção, sala do administrativo, sala da diretoria – estão tendo a pintura interna refeita.

Desde 2017, outras obras foram realizadas no local, como tratamento de fissuras e infiltrações, e instalação de ar-condicionado no auditório do Museu, que tem capacidade para 50 pessoas.

Sobre o edifício do Museu – O prédio foi construído em um terreno então chamado de “Largo Santos Dumont”, entre as ruas 'Visconde do Rio Branco' (atualmente rua 7 de Maio), medindo 68,70m de frente; '7 de Setembro' (atual Rua Coronel Aureliano de Camargo), medindo 67,20m; 'Rua do Sossego' (Coronel Bento Pires), medindo 68,70m; e 'José Bonifácio', medindo 67,20m. Assim era a Praça Manoel Guedes, popularmente conhecida como a “Praça do Museu”.

Segundo dados do Cartório de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas da Comarca de Tatuí, no livro de transcrição das Transmissões 3-D (velho), na folha 73, o registro nº 2.723, feito em 12 de dezembro de 1913, consta que a Fazenda do Estado de São Paulo adquiriu o terreno, através de doação da Câmara Municipal de Tatuhy, conforme escritura pública de 3 de dezembro de 1913, lavrada nas notas do 6º Tabelionato de São Paulo, Thiago Mazagão, pelo valor de 300$000. O documento apresenta as Condições de Contrato: a doação é feita sob a condição da adquirente construir no terreno doado o edifício que servirá de Cadeia, Fórum, Câmara Municipal e suas dependências nesta cidade.

Nesse local, em 1920, foi construído o prédio, na então 'Praça Antônio Prado', que passou posteriormente a ser a 'Praça Manoel Guedes''. Esse edifício seria a Cadeia e o Fórum. Segundo o registro “Tatuhy através da História”, o prédio tem “construção recente, sob o governo do senhor Dr. Altino Arantes, sendo secretário da Agricultura o senhor Doutor Cândido Motta, que a mandou fazer. Planta elegante, em sobrado, prisões bem arejadas e amplas, vasta sala de júri e audiências e gabinetes diversos. Ocupa lugar no centro da praça, ostentando, no seu salão principal, o retrato a óleo deste ex-secretário, Cândido Motta, e o do Dr. João Feliciano da Costa Ferreira, primeiro juiz desta comarca”.

Em 28 janeiro de 1969, o Decreto nº 51.328 transfere para a Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo o prédio do Fórum e Delegacia de Polícia, bem como o terreno do imóvel, toda a Praça Manoel Guedes, com 64 metros para a rua 7 de maio, 64 metros para a rua Coronel Aureliano de Camargo, 64 metros para a rua Coronel Bento Pires e 64 metros para a rua José Bonifácio, sendo o referido imóvel para a instalação da “Casa de Paulo Setúbal” (Museu Histórico de Tatuí). O diretor da “Casa de Paulo Setúbal” era Nilzo Vanni.

Segundo o Jornal “O Estado de São Paulo”, de terça-feira, 12 de agosto de 1975, na matéria “Tatuí Inaugura Museu e a Casa de Paulo Setúbal”, “A ‘Casa de Paulo Setúbal’ e o Museu Histórico de Tatuí, agora instalados no antigo prédio da Cadeia e Fórum, foram inaugurados dentro das comemorações da Semana de Paulo Setúbal e do Aniversário de Tatuí”.

Em 1984, o Acervo do Museu tinha, em média, 1.500 peças, distribuídas nas salas: Sala de Paulo Setúbal, Sala da História de Tatuí, Sala de Objetos Sacros, Sala de Taxidermia, Sala dos Pracinhas da FEB e sala de leitura. Além destas, existiam outras a Biblioteca Raul de Pollilo, doada pela família em 1981, sendo que faz parte, entre outras raridades, um busto em bronze de Eça de Queiroz, a enciclopédia Britânica em Inglês, o webster e algumas coleções importantes, como “Gênios da Pintura”; a Biblioteca Maurício Loureiro Gama, doada em vida pelo jornalista; a Biblioteca Jornalista Walter Silveira da Mota, doada em vida e entregue após a morte pelo irmão Oscar Augusto Silveira da Mota, e a Biblioteca própria da Casa, uma sala de livros da atualidade, inaugurada durante os festejos da Semana de 1978, procurada principalmente por estudantes de Direito e advogados, pois possui uma valiosa coleção de obras jurídicas, o que não ocorre em nenhuma biblioteca pública da cidade.

No ano de 1986, o edifício integra a estrutura da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo do Estado de São Paulo. Segundo o livro “Tatuí/Capital da Música”, de Renato Ferreira de Camargo e Christian Pereira de Camargo, a “Casa de Paulo Setúbal” e Museu Histórico de Tatuí foram administrados, por alguns anos, pelo Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.

Em agosto de 2008, a “Casa de Cultura” passa a ser administrada por uma Organização Social – novo modelo de gestão instituída pela Lei 846/98, do governador Mário Covas -, a Associação Cultural de Amigos do Museu Cândido Portinari.

No dia 23 de dezembro de 2008, abriu a Ordem de Início dos Serviços na Casa de Cultura Paulo Setúbal, para o contrato no valor de R$ 795 mil, que realizou intervenções necessárias à modernização e à readequação dos espaços, com instalação de elevador e medidas de acessibilidade. Com a reforma, o prédio ganhou medidas sustentáveis, como iluminação de baixo consumo energético.

Em maio de 2010, a Câmara Municipal aprovou um Projeto de Lei, criando em Tatuí o Museu “Casa de Cultura Paulo Setúbal”, o que em 30 de abril de 2010, a Lei Municipal nº 4.345 dispõe sobre a criação deste espaço, na gestão do então prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo. Em 20 de setembro do mesmo ano, é reinaugurada a “Casa de Cultura Paulo Setúbal” e o Museu de Tatuí, agora batizado como Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

A expografia do Museu conta a formação da cidade, movimentos populacionais, primeiros habitantes, colonizadores e os conflitos gerados por eles, além de registrar a presença dos tropeiros na região e a história cultural e musical que levaram Tatuí ao título de “Capital da Música”. Há uma sala dedicada exclusivamente à vida e à obra do escritor e jornalista, imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, Paulo Setúbal, o patrono do Museu Histórico; há o gabinete de leitura “Nilzo Vanni” e um auditório. O acervo também conta sobre as participações de tatuianos em conflitos armados na Segunda Guerra Mundial e na Revolução de 1932, além de outras curiosidades.

Em 2020, devido a pandemia da COVID-19, o Museu Histórico “Paulo Setúbal” criou o Projeto #MuseuPauloSetúbalEmSuaCasa, disponibilizando os projetos do educativo por meio de vídeos produzidos por artistas e personalidades da cidade, ou apresentando o acervo do Museu. Dentre os projetos apresentados, destacam-se: #EscritaFalada, no mês de maio, para valorizar o Dia Municipal da Literatura Tatuiana; #VisãodoArtistaPlástico, que homenageou alguns nomes das artes plásticas do município; e #TatuídaFestadeBemfica. O canal do Museu no YouTube tem permitido o acesso de seus usuários, que não podem visitar o equipamento cultural devido à suspensão das atividades presenciais. O “18º Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias” faz, neste ano, alusão ao centenário do edifício sede do Museu.

Para as comemorações desta tão importante data, o então diretor e publicitário do Departamento de Comunicação da Prefeitura de Tatuí, Leandro Alexandre Mendes, criou uma logomarca que foca no desenho do edifício – construído para ser sede da Cadeia e do Fórum da cidade -, e destaca o ano de sua criação, bem como o Jubileu do Centenário da sede do Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

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