Francini Garcia, de Tatuí, está em Recife por causa do seu doutorado e resolveu ser voluntária ao se sensibilizar com a situação; ela faz vídeos para conscientizar os amigos sobre a real situação no local.
Por Nicole Annunciato*, G1 Itapetininga e Região, com edição do DT
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Bióloga de Tatuí ajuda na limpeza das praias do Litoral Norte — Foto: Arquivo Pessoal/Francini Garcia |
Em entrevista ao G1, Francini Garcia, de 32 anos, conta que há quatro meses decidiu ir para Recife para fazer doutorado em biologia animal e, quando soube que o óleo atingiu as praias, decidiu que precisava ajudar.
"Desde que conheci essa região, a tenho como parte do meu lar. A beleza natural e a comunidade local me encantaram, isso me fez decidir que eu queria fazer minha vida no Nordeste. Ao ver 'meu lar' tomado pelo óleo, é algo instintivo você agir de imediato", afirma.
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Bióloga de Tatuí ajuda na limpeza de manchas de óleo nas praias do Nordeste |
Para conscientizar os amigos do interior de São Paulo sobre a situação das praias, ela também grava vídeos e tira fotos sobre a situação do local.
"É desolador, uma tristeza infinita. Estou vivendo um luto pelos animais, biodiversidade, moradores e praias. É um cenário de guerra, parece aqueles filmes de ficção que a gente assiste, mas isso realmente aconteceu nas praias do Nordeste", afirma.
Ações da comunidade
Francini conta que a limpeza começou logo que as manchas chegaram nas praias pernambucanas, e a comunidade local decidiu se reunir para ajudar na preservação. Ainda afirma que os esforços estão nas praias de Xeréu e Itapuama, onde há o pior cenário.
"Praticamente toda a comunidade dos vilarejos das praias, prefeituras, ONGs, agentes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e voluntários da região metropolitana do Recife estão ajudando", diz.
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Bióloga de Tatuí faz vídeos mostrando voluntários limpando as praias do Nordeste — Foto: Arquivo Pessoal/Francini Garcia |
Francini também diz que, apesar de todos os moradores quererem ajudar, muitos não podem ir todos os dias para auxiliar na limpeza das manchas de óleo.
"Nem sempre são as mesmas pessoas todos os dias, mas todo dia tem voluntário. Tem ônibus cedido por uma empresa de turismo da Grande Recife que disponibiliza ônibus, todo dia está saindo do centro para as praias que estão mais urgentes para serem limpas", explica.
Segundo Francini, a comunidade decidiu agir por conta própria para ajudar na limpeza dos locais. Ela conta que já foram retiradas 500 toneladas de óleo em Pernambuco.
"Se a gente pode tirar uma coisa boa disso é ver a ação da comunidade, todo mundo ajudando sem nenhuma organização maior de Estado. As pessoas estão lá, elas se organizam, se cuidam. É muito lindo e emocionante de participar. Essa é a verdadeira essência do povo Nordestino", diz.
Impactos
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Voluntária de Tatuí divulga fotos das manchas de óleo nas praias do Nordeste — Foto: Arquivo Pessoal/Francini Garcia |
A bióloga explica que, para realizar a limpeza, estão sendo utilizados diversos equipamentos. O óleo é colocado em sacos de lixo, que são recolhidos pela prefeitura com um trator.
"As manchas que já se transformaram em partículas estão misturadas ao sargaço, então é recolhido com a mão com o auxilio de ciscador e pás. É colocado em sacos de lixo resistentes que são amontados em vários pontos ao longo da praia", explica.
Francini explica que todas as espécies marinhas são afetadas devido à presença das manchas de óleo, e que muitos animais foram encontrados mortos nas praias.
"O que ocorre é que animais que tem seu corpo coberto pelas manchas de óleo como tartarugas, por exemplo, ficam em sofrimento e morrem por inanição. Já encontraram tartarugas, peixes, crustáceos e cnidários, como a caravela", explica.
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Bióloga de Tatuí afirma que moradores se voluntariam para limpeza das praias do Nordeste — Foto: Arquivo Pessoal/Francini Garcia |
Além disso, os impactos também afetam os moradores, principalmente os que sobrevivem do pescado e que nasceram nos vilarejos, como afirma a bióloga.
"Impacto imensurável pois o pescado está contaminado e não poderão vender. A renda deles vai sair de onde? Já é uma região pobre, deixada de lado pelos governantes. E agora? vão sustentar suas famílias de que maneira?", conta.
Quanto aos turistas, Francini afirma que também terá um grande impacto porque o turismo é a maior fonte de renda da região. "Acredito que a limpeza do 'grosso' vai chegar uma hora que terá fim, porém, o impacto nos ecossistemas marinhos, como os recifes de corais, é irreversível", afirma.
"Vai virar além de um problema ambiental, um problema de saúde pública. As pessoas vão comer o peixe que se alimentou da microfauna marinha que está contaminada. Aquilo se fragmenta e microfauna absorve", diz.
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Bióloga de Tatuí se voluntaria para ajudar na limpeza das praias do Nordeste — Foto: Arquivo Pessoal/Francini Garcia
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* Sob supervisão de Heloísa Casonato