quinta-feira, 4 de abril de 2019

Adolescente de 14 anos que passou em vestibular consegue decisão definitiva para continuar graduação

Justiça autorizou o adolescente a realizar a efetivação da matrícula no curso superior de automação industrial; decisão cabe recurso. Morador de Tatuí faz curso na Fatec ao mesmo tempo que cursa o Ensino Fundamental.

Por Nicole Annunciato*, G1 Itapetininga e Região, com edição do DT

Estudante de 14 anos cursa graduação de automação industrial em faculdade de Tatuí — Foto: Reprodução/TV TEM

04/04/2019 | O adolescente Enzo Grechi de Carli, de 14 anos, que tinha uma liminar na Justiça para frequentar uma faculdade ao mesmo tempo em que cursa o 9º ano do Ensino Fundamental, conseguiu uma decisão definitiva da Justiça para continuar com a graduação, em Tatuí.

Enzo passou em 14º no vestibular da Fatec para o curso de automação industrial em julho de 2018, conforme a mãe. A família entrou na Justiça e, após a liminar, o adolescente foi autorizado a fazer a graduação.

No dia 26 de março, a Justiça autorizou que o rapaz continuasse com a matrícula no curso superior. A decisão não cabe recurso.

Segundo a mãe, Fabiana de Cásia Grechi de Carli, a família está feliz com a notícia e já tinha expectativa de conseguir a decisão definitiva.

"Confiante nunca estávamos, mas sabíamos que ele tinha capacidade para conseguir. Ele sempre foi meio diferente, nunca comparei pois cada criança é única. Independente de ter idade, precisa pensar em competência", conta.

Decisão judicial

Aluno de 14 anos passa em vestibular de faculdade em Tatuí — Foto: Reprodução/TV TEM

Na decisão, o juiz Marcelo Nalesso Salmaso alegou que a avaliação psicológica realizada pela equipe técnica apontou que o "curso superior em automação realizado na Fatec parece estar sendo importante para motivá-lo, estimular seu potencial criativo, e preencher lacunas educacionais existentes no ensino regular para adolescentes com altas habilidades."

Segundo a mãe, Enzo passou por diversas avaliações neurológicas, psicológicas e neuropsicológicas durante o processo, que constatou a superdotação do menino.

"[O processo] foi bem longo. Ele fez acompanhamento para avaliar a capacidade cognitiva. A lei assiste por conta da superdotação, mas ele continua cursando o ensino regular", diz.

A advogada especialista em superdotação, Cláudia Hakim, conta que o processo durou aproximadamente oito meses e que inicialmente havia realizado um pedido de liminar para que o juiz avaliasse.

“Foi relativamente rápido. Ele passou por pericia judicial, à pedido da faculdade, com uma psicóloga nomeada pelo juiz para avaliar a maturidade. Ele está super bem inserido socialmente e foi provado por laudos atestando que ele tem um QI de superdotado. A lei prevê uma educação especial para alunos com esse perfil”, conta.

Ainda conforme a advogada, a decisão judicial ainda cabe recurso da faculdade, porém o Ministério Público e o juiz foram favoráveis à matrícula do rapaz.

“Alunos superdotados da rede de SP não tem para onde correr. Esse foi um caso inédito, ele foi bem atendido e recebido. Nem todo mundo se encaixa de forma igual”, explica.

Relembre o caso

Estudante de 14 anos consegue liminar na justiça para cursar ensino superior

De acordo com a mãe, para o garoto cursar a faculdade e o ensino fundamental simultaneamente, eles entraram com uma ação na Justiça, e o juiz deu uma liminar que autorizou o Enzo a frequentar as aulas.

O processo esteve em andamento, e avaliações foram realizadas para verificar o rendimento do estudante, tanto na escola quanto na faculdade.

“A gente não pensou em momento algum dele abandonar a educação básica. A gente queria que ele concluísse o 9º ano e Ensino Médio, e em paralelo fazer o curso de graduação na Fatec”, conta a mãe.

Inspiração

Estudante consegue liminar da Justiça para cursar faculdade em Tatuí — Foto: Reprodução/TV TEM

Em média, os alunos iniciam a faculdade com 17 anos. Na sala do Enzo ele é o mais novo, mas foi muito bem recebido pelos colegas de sala, como afirma o estudante Igor Ruduic.

“Eu fiquei surpreso, porque nunca imaginei que fosse encontrar um menino de 14 anos aqui comigo. A sala acolheu muito bem ele, até porque ele é muito inteligente. A gente dá conselhos para ele, e ele entende muito bem o que a gente fala”, diz.

A psicóloga Analisa Cassemiro diz que, apesar do adolescente estar pulando uma etapa da vida, se ele for bem orientado essa experiência pode ser positiva. É preciso apoio da família, escola e faculdade pra conciliar a rotina dupla.

*Colaborou sob supervisão de Paola Patriarca

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