sábado, 29 de abril de 2023

Pesquisador destaca que ferrovias trouxeram avanço para a arquitetura de Itapetininga

A partir de tecnologias estrangeiras que chegaram com as ferrovias, Itapetininga desenvolveu sistemas urbanos mais complexos e estruturas modernas

Casa preservada que abrigou famílias de trabalhadores da EFS em Itapetininga (SP) (Foto: Coletivo 015/Arquivo)


Por Redação do temmais.com

21/04/2023 - Uma pequena vila de pouso, com pouco menos de 60 casas, construídas de taipa e em situações precárias. Foi assim que o explorador francês Auguste de Saint-Hilaire descreveu Itapetininga (SP), durante sua exploração pelo interior paulista em 1819.

Descrição esta que mudou com a chegada das ferrovias no interior paulista. Ao temmais.com um arquiteto e pesquisador da história da ferrovia em Itapetininga (SP) contou sobre as mudanças e evoluções trazidas pelos trens e locomotivas.

“[As casas] eram trabalhadas com o material que tinha ali na comunidade e com técnicas mais condicionadas ao ambiente local. Muito disso vem, também, das próprias técnicas construtivas de indígenas e outros povos que já se estabeleciam”, comenta o arquiteto e mestre em Planejamento e Gestão de Território Igor Chaves.

A situação, contanto, mudou muito com a chegada das estradas de ferro em Itapetininga, no ano de 1895, continua o pesquisador. “Data-se que a primeira estação de Itapetininga seja a Estação do Morro do Alto – que dá nome ao distrito”, conta Igor, também escritor do livro “O Legado da Estrada de Ferro Sorocabana em Itapetininga”.

Não foi à toa que Itapetininga recebeu as ferrovias. Conforme explica Igor, o município produzia algodão e, à época, tinha muitos representantes influentes na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp), além de famílias importantes, como a família de Fernando Prestes, eleito quarto presidente do Brasil.

As ferrovias, como explica o pesquisador, diminuem distâncias entre as cidades, trazendo operários e viajantes. Todo esse movimento, portanto, vai exigir de Itapetininga um novo desenho urbano – com nivelamento de solo, expansão e planejamento territorial.

Projeto da Estação de Itapetininga (SP) (Foto: Igor Chaves/Arquivo)


“As ferrovias, num aspecto geral, permitiram a observação de uma nova dinâmica: a transformação de uma cidade bucólica – onde, como descrito por viajantes, as pessoas andavam descalças e moravam em casa com goteiras -, para sistemas mais desenvolvidos, deixando de ser totalmente rural e se modernizando”, analisa o pesquisador.

Simbiose cultural

“Essa forma de se desenvolver vai impactar culturalmente, principalmente pelo fato de você fazer uma troca entre culturas muito maior. A lógica da cidade vai mudar. O tempo muda com a chegada das ferrovias. Uma viagem que era feita em seis meses, é feita em horas”, ressalta o pesquisador.

De acordo com Igor, a simbiose entre culturas permitiu o desenvolvimento de tecnologias e técnicas estrangeiras, como casas e edifícios pré-moldados, muito utilizado por imigrantes italianos, possibilitando novos estilos arquitetônicos à Itapetininga.

“Até então, a gente só tinha a taipa, que possibilita só ter um tipo de construção, com casas sem segundo nível. Fazer laje só foi possível depois desses pré-moldados”, exemplifica Igor sobre as evoluções.

Construção da estação ferroviária em Itapetininga (SP) (Foto: Igor Chaves/Arquivo)

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