sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

poesia | Ana Moraes


As gavetas



Abrem-se as gavetas

As gavetas fecham-se

Guarda-se tudo no nada

Perde-se nada no tudo



Onde mora o que sinto

Foge como lebre em estância

Se perguntam, logo minto

Viro alma com impedância



Escondo dos olhos alheios

Qualquer coisa de sentir

Os sentidos não permeio

Coloco-os para dormir



Lágrimas secas minhas

Que escorrem, ninguém vê

Sabores, um dia tinha

De sentir algo por você



Hoje, muralha de pedra

Rígida, frígida e inflexível

Sem violar as minhas regras

Me tornei deveras insensível



Dobro meus sentimentos

Guardo-os em gavetas

O mofo consome em pensamentos

A minha paixão perneta



A.M.O.R.
(Ana Moraes de Oliveira Rosa)

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