quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Creche vira 'abrigo' de gatos de rua em Capela do Alto e provoca receio em mães por doenças

Algumas mães relataram que as crianças apresentaram doenças respiratórias e alergias devido ao contato com os felinos; a Promotoria de Justiça de Tatuí e a Vigilância Sanitária de Capela do Alto monitoram a situação.

Por Maria Fernanda Silva*, g1 Sorocaba e Jundiaí, com edição do DT

Cerca de sete gatos foram vistos perto da escola em Capela do Alto — Foto: Arquivo Pessoal


14/12/2022 | Famílias de alunos de escolas municipais de Capela do Alto, cidade vizinha de Tatuí, fizeram denúncias à Vigilância Sanitária por causa da presença de gatos em creches da cidade. Algumas mães relataram que as crianças apresentaram doenças respiratórias e alergias devido ao contato com os felinos.

Por causa disso, a Promotoria de Justiça de Tatuí chegou a pedir esclarecimentos e providências à Prefeitura de Capela do Alto. O município não havia respondido a Promotoria até esta quarta-feira (14), mas está dentro do prazo, segundo o órgão.

De acordo com a Vigilância Sanitária de Capela do Alto, a Secretaria da Educação já realizou reuniões para orientar os funcionários da rede municipal sobre a proibição de alimentar os animais dentro das escolas e chegou a transferir dois funcionários que davam comida aos gatos.

Apesar disso, mães relataram ao g1 que os animais continuam circulando nas creches, inclusive em berçários e refeitórios, o que as tem deixado preocupadas.

Corpo de uma aluna da creche com alergia pelo corpo — Foto: Arquivo Pessoal


Segundo uma mãe, que preferiu não se identificar, a filha de 10 meses iniciou na creche Profª Beatriz Menck Moreira em julho e, desde então, fica doente constantemente, apresentando tosse, infecção respiratória, canseira, febre e irritações na pele. Ela disse que a criança precisou fazer 30 sessões de fisioterapia respiratória para ter uma melhora e passou a fazer uso de bombinha.

“Lá tem muitos gatos, chega a ser assustador encontrar tantos em uma instituição escolar. Só me dei conta que o problema estava associado aos felinos quando saíram feridas pelo corpo e cabeça da minha filha. Levei na farmácia e o farmacêutico me perguntou de imediato se ela havia tido contato com gatos. Eu não tenho gatos em casa, então me dei conta que o problema estava na creche”, explica.

Gato foi visto em berçário de creche em Capela do Alto


Por causa da situação, a família da aluna participou de um abaixo-assinado contra a presença dos gatos nas escolas e procurou, informalmente, a Secretaria Municipal de Educação, para saber o que poderia ser feito. No entanto, segundo a mãe, a prefeitura informou que o município não possui setor de zoonoses.

“Mesmo assim continuo na luta porque outras 71 crianças frequentam essa creche. Dos 50 pais que assinaram o abaixo-assinado, 80% relataram problemas de saúde nas crianças, sintomas muito parecidos com os que minha filha tinha", relata a mãe.

"Espero que cheguem a uma solução saudável para todos, preservando os animais e o bem-estar das crianças. Sei que os felinos precisam ser cuidados, mas a creche não é o local para isso”, continua.

Carta do médico explica o que a criança desenvolveu devido ao contato com os gatos — Foto: Arquivo Pessoal


Outra mãe também conversou com o g1 sobre a situação dos gatos nas escolas. Tainara Soares contou que o filho de 5 anos estuda na Escola Teresa Quevedo Lopes e que, quando foi até a unidade conversar sobre a convivência dos alunos com os felinos, viu gatos dormindo na mesa do pátio, onde as crianças se alimentam.

“Questionei a respeito de terem falado na internet que lá é uma escola 'pet friendly', coisa que nenhum dos pais estavam sabendo. Falei novamente sobre os gatos que dormem nas mesas e falaram que eu poderia ficar tranquila, que o pessoal da limpeza higieniza muito bem", conta.

Olho irritado, segundo a mãe, por consequência do contato com os gatos — Foto: Arquivo Pessoal


O que diz a prefeitura

Em nota, a Vigilância Sanitaria de Capela do Alto afirmou que as denúncias a respeito dos gatos nas escolas começaram a chegar em meados de junho de 2022, passando primeiramente pela Secretaria da Educação e posteriormente para a Vigilância Sanitária.

“Foram realizadas pela parte da Secretaria da Educação reuniões orientativas com todos os funcionários de toda a rede municipal, sobre a proibição de alimentação dos animais no interior das escolas. Também houve uma transferência de funcionários que alimentavam os gatos e estão sendo instaladas telas de proteção nas janelas e portas da CMEI Beatriz, que é a unidade de maior ocorrência. Orientou também a necessidade de manter portas e janelas fechadas no período da noite para que os animais não adentrem o local", diz a nota.

A Vigilância também disse que esteve no local para orientar os funcionários e que coletou assinatura de todos eles, dando ciência da proibição de alimentar os animais.


Segundo o órgão, os animais que ficam ao redor da CMEI Beatriz pertencem a uma vizinha da creche, e a Vigilância vai realizar uma inspeção no local para notificá-la.

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