sábado, 11 de setembro de 2010

Empresas receberão boletos de cobrança de uso de água

SOROCABA - do jornal Cruzeiro do Sul - Os 600 usuários urbanos e industriais residentes nos 34 municípios, que compõe o Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), receberão os boletos com a cobrança pelo uso da água a partir do próximo mês. Os usuários poderão dividir em três vezes o montante que corresponde aos meses de outubro, novembro e dezembro, ou pagá-los à vista. O valor não será retroativo a outros meses deste ano e, nesse primeiro momento, só pagarão os usuários cujo valor da tarifa ficou acima de R$ 50. Entende-se como usuários urbanos e industriais: empresas de abastecimento de água e esgoto, condomínios, postos de combustíveis, indústrias e todos que captam, consomem ou descartam o recurso diretamente do corpo d’água. A expectativa de arrecadação é de aproximadamente R$ 1,5 milhões, referente ao último trimestre de 2010.

Em Sorocaba, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), que pagará pela captação de água diretamente do leito, optou por não repassar esse valor às contas domiciliares, ou seja, não haverá acréscimo nas contas domésticas em Sorocaba, pois a autarquia garantiu que há verba suficiente para o pagamento pelo recurso. A “Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos Urbanos e Industriais” foi tema de seminário realizado ontem no auditório da regional de Sorocaba do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a fim de discutir com os usuários o que é a medida e quais as perspectivas dos setores industrial e de saneamento em relação a ela.

Na ocasião também foi apresentada a experiência com a cobrança na Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ). A engenheira Cláudia Fonseca adiantou que o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) é que ficará responsável, nos primeiros dois anos da cobrança, por gerar e emitir os boletos que serão enviados aos usuários. Após esse período, essa tarefa caberá à Fundação Agência de Bacia do Sorocaba e Médio Tietê, o braço executivo do comitê de bacias.

Menor resistência

Segundo Eva Marius, conselheira e representando do Ciesp junto ao CBH-SMT, no início do processo de implantação da cobrança muitos usuários tinham dúvidas sobre como seria praticada. Hoje, admite que há menos resistência e esses industriais já buscam o órgão para obter mais informações, principalmente sobre o valor e as formas de pagamento. Para o coordenador químico da metalúrgica Apex Tool Group, Marcelo Vieira da Silva, o importante com o processo não é apenas o recurso, mas a consciência com a utilização do recurso.

Contou que a empresa acompanha todo o processo de implantação da cobrança, a qual chamam de “ferramenta de gestão”. Do mesmo modo, o responsável pela infraestrutura da ZF do Brasil em Sorocaba, Alexandre Vaini, acompanhou o seminário para tirar suas dúvidas. A empresa utilizam-se de três poços artesianos, faz consumo e descarte do recurso e precisa saber qual a melhor maneira de gestão, para que também reverta em lucro, pois a ZF deverá consumir água com mais moderação. “O volume que utilizamos está aumentando, queremos diminuí-lo”, avisou ele, que também é favorável à cobrança.

Investimentos

O total arrecadado com a cobrança será investido em melhorias para a própria bacia, conforme as prioridades contidas no plano da Bacia. Ficou estabelecido que 20% do montante será destinado para afastamento e tratamento de esgoto, 15% na recuperação em área de proteção permanente e de reserva legal, 13% na adequação de sistemas de tratamento de resíduos sólidos, 7% para sanar problemas de erosão em áreas urbanas, 20% para produção de dados e treinamento e 10% na manutenção da agência.

O decreto 55.008, que autoriza a cobrança nos municípios da bacia do Sorocaba e Médio Tietê, foi assinado em novembro de 2009. A base para a cobrança será: volume de água captado do corpo hídrico, tanto superficial quanto subterrâneo; volume de água consumido; e qualidade do efluente lançado no corpo hídrico. Como alegam os membros do comitê, não se trata de mais um imposto, pois a intenção não é a captação de recurso, e sim a conscientização de que o recurso é finito e precisa ser utilizado com responsabilidade.

O CBH-SMT abrange as cidades de Alambari, Alumínio, Anhembi, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Bofete, Boituva, Botucatu, Cabreúva, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Conchas, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Laranjal Paulista, Mairinque, Pereiras, Piedade, Porangaba, Porto Feliz, Quadra, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tatuí, Tietê, Torre de Pedra, Vargem Grande Paulista e Votorantim, além de órgãos não governamentais e organismos estaduais.

Morre criança com meningite bacteriana em Tatuí

Uma das crianças diagnosticadas com meningite bacteriana em Tatuí morreu na noite desta sexta feira (10). O menino, de dois anos, ia ser transferido para a UTI pediátrica em Itapevi, devido à falta de vagas em Tatuí.

Na semana passada, outra criança de quatro anos teve detectada a doença na forma bacteriana. Ela foi levada para um hospital em Campinas e já teve alta.

Fonte: TV Tem

trio AZYMUTH, do tatuiano JOSÉ ROBERTO BERTRAMI, interpreta VOO SOBRE O HORIZONTE

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Deu no Estadão: Tatuí escolherá "Miss Árvore" neste mês

Veja o texto:


Um concurso vai coroar a Miss Árvore de Tatuí, a 135 quilômetros de São Paulo. A escolha das mais belas árvores ocorrerá no dia 22 e as concorrentes podem ser indicadas até o dia 17. Haverá princesas e Miss Simpatia, com prêmios até o quinto lugar. O regulamento exige que as concorrentes sejam indicadas por moradores de Tatuí. Podem participar árvores de qualquer porte, como ipês, desde que estejam na frente da casa do morador ou em seu quintal. Tatuí possui 51 mil árvores em ruas e avenidas. A prefeitura quer ampliar a arborização urbana para 120 mil espécimes.


Edição de hoje

Vem aí nova campanha de coleta de sangue para Jaú

Em Tatuí, a 3ª Coleta de Sangue em prol o Hemonucleo Regional de Jaú, que atende o Hospital Dr. Amaral de Carvalho, será realizada no dia 2 de outubro, das 7 às 12h. O local será o Centro Cultural, na Praça Martinho Guedes nº 12. Atualmente, cerca de duas mil pessoas de Tatuí são tratadas de câncer no Hospital Dr. Amaral de Carvalho.

Fonte: AI/Tatuí

Dia 19 tem Copa de Karatê no XI

A 8ª Copa Tatuí de Karatê será realizada no dia 19 de setembro, domingo, na Associação Atlética XI de Agosto, das 9 às 17h30. Várias academias da região estarão presentes. A entrada é franca. O certame faz parte da 7ª Etapa do Circuito ACAK, que realiza disputas regionais de karatê. Mais detalhes no site: www.acak.com.br.

Fonte: AI/Tatuí

Escoteiros de todo o Estado se reunirão em Tatuí

Em Tatuí, o Grupo Escoteiro Goyotin irá realizar no período de 24 a 26 de setembro, uma gincana escoteira pelas ruas da cidade, atividade que deverá reunir cerca de 200 escoteiros de vários pontos do Estado de São Paulo. O evento, que tem o apoio da Prefeitura de Tatuí, é alusivo às comemorações dos 37 anos do grupo Goyotin.

Fonte: Redação Central de Rádio

EMEF Eunice tem capacidade para atender 700 alunos

Na terça-feira, dia 7, a Prefeitura de Tatuí inaugurarou o novo prédio da EMEF Eunice Pereira de Camargo, na rua João castanho nº 35, no Jardins de Tatuí. Na obra, foram investidos cerca de R$ 5 milhões. A unidade é a maior escola de ensino público de Tatuí e uma das maiores da região. A construção inclui um ginásio de esportes, que recebeu o nome do esportista “Ezenildes Moreira”. A área total é de 7.170,83 m2, com área construída de 3.623,71 m2, sendo 2.504,00 m2 para o prédio escolar e 1.120,00 m2 para o ginásio de esportes.“A escola irá começar a funcionar neste prédio com 490 alunos mas sua capacidade é para 700”, destacou o prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo em suas palavras. Gonzaga também destacou que em breve a escola abrigará também uma piscina semi-olímpica aquecida. Em suas palavras, o prefeito ainda destacou os importantes investimentos que a administração municipal vem realizando na área da Educação.O evento contou com a participação dos familiares dos homenageados, vereadores, secretários municipais, professores da unidade escolar, convidados e pessoas da comunidade. Um grupo de sopros do Conservatório de Tatuí participou da solenidade, que também fez menção ao Dia da Pátria.A unidade escolar, em três pisos, abrigará 19 salas de aula, uma sala de informática e duas salas de reforço. O ginásio de esporte, ao lado do prédio escolar, é coberto e iluminado, com banheiros e vestiários e capacidade para duas mil pessoas. No espaço térreo, há sala dos professores, sala de aula, coordenação, diretoria, depósito de materiais pedagógicos, vestiário para funcionários, refeitório, galpão, cozinha, despensa, grêmio, três sanitários (sendo um deles adaptado para portadores de deficiências), secretaria e elevador de acesso.No primeiro andar existem 9 salas de aula, laboratório de informática, espaço para reforço e sanitário. O segundo andar terá 10 salas de aula, reforço, sanitário e sala de aulas práticas.A EMEF Eunice Pereira de Camargo é a primeira escola de Tatuí em período integral e atende a aproximadamente 500 alunos, entre 6 a 10 anos, todos do ensino fundamental. Ela foi inaugurada em 2006 e estava estabelecida no Complexo Educacional “Wilson Ribeiro de Camargo”, no Jardim Aeroporto, onde também funciona a FATEC, que está sendo ampliada e ocupará brevemente todo o espaço físico do local. A escola funciona das 7h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira. Entre as atividades ali desenvolvidas, destacam-se: Informática, Educação Musical, Hora de Leitura, Esporte e Recreação, Inglês, Educação Ambiental, Educação Tecnológica e Experiências Matemáticas.No ginásio de esportes também inaugurado, que recebeu o nome de “Ezenildes Moreira”, aconteceu uma partida de basquete.

3ª Copa Tatuí de Basquete define campeões das categorias mini e infantil

A 3ª Copa Tatuí de Basquete definiu no sábado, dia 4 de setembro, no ginásio de esportes da Associação Atlética XI de Agosto os vencedores da categoria Mini (atletas de 13 anos),  e da categoria Infantil (atletas até 15 anos).Na categoria Infantil, sob o comando do técnico Miguel Lopes, o time XI de Agosto/AABT/DME conquistou o título ao vencer Salto pelo placar de 54 x 44. Já pela categoria Mini, Capivari, ficou com o título ganhando da A.E. São José, de Cerquilho.O jogador Felipe Ariel, do XI de Agosto, levou o troféu de cestinha do campeonato (196 pontos) e os jogadores Lucas Quinteiro (XI de Agosto) e Luis Vinicius Leite (PM Salto) ficaram com o troféu de destaque.Ao final da partida, o técnico Miguel declarou que deve “agradecer a Deus todos os dias por ter em suas mãos um grupo tão unido e dedicado como o que encontrou em Tatuí”. O técnico também agradeceu o clube XI de Agosto, à Prefeitura de Tatuí, ao diretor de Esportes, Altair Vieira e ao secretário Jorge Rizek (Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude), pelo apoio que o basquete tem obtido nos últimos anos.Com o título da 3ª Copa Tatuí na categoria infantil, soma-se o terceiro título ganho pelo basquete tatuiano em 2010. Anteriormente a equipe conquistou o título da categoria da Copa Tatuí e o título dos jogos Regionais, ambos pela categoria sub 21.

Alunos do curso de Montador de Estofados são homenageados na Gralha Azul

Os 28 alunos que concluíram o curso de Montador de Estofados foram homenageados na quinta-feira, dia, 2 na Gralha Azul Indústria e Comércio de Estofados Ltda. O curso foi coordenado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), através de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Tatuí e com a própria Gralha azul.Estiveram presentes o secretário do Planejamento e Desenvolvimento Econômico e Habitacional Sérgio Galvão, o secretário do Trabalho e do Desenvolvimento Social Luiz Antonio Voss Campos, o diretor comercial da Gralha Azul, Rogério Lopes, e o gerente administrativo da Gralha Azul, Douglas Corrêa. De acordo com Lopes todos aqueles que terminaram o curso serão contratados pela Gralha Azul, a princípio, por no mínimo noventa dias, que é o período pré-admissional. Ele ainda afirmou que “sente muito orgulho dos alunos que estavam presentes, já que de 40 pessoas que iniciaram o curso, 28 permaneceram, acreditaram na empresa”. Para o vice-prefeito Voss os alunos irão integrar o quadro de funcionários de uma das três maiores empresas de móveis do Brasil e assim, “farão parte do crescimento econômico da cidade”, diz.A previsão para o início da segunda turma é dia 13 de setembro. Para novas turmas, as inscrições devem ser feitas no Posto do Senai, anexo à Casa do Cidadão, na rua Juvenal de Campos nº 430, no Centro, no período de segunda à sexta, das 8 às 17h. O telefone é: (15) 3251-2056.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A doce Tatuí

Conheça um pouco da tradição doceira da cidade, no interior de São Paulo. Tem suspiro, pão-de-ló, queijadinha (e muito mais)

Rita Grimm, de Tatuí, especial para o iG São Paulo 

Foto: Rita Grimm
Os suspiros, especialidade da Celina, em Tatuí: prontos para ir ao forno


Tatuí é uma cidadezinha de 110 mil habitantes, no interior do Estado de São Paulo. Fica a 60 quilômetros de Sorocaba e a 150 quilômetros da capital e tem pelo menos três apelidos: cidade ternura, capital da música e terra do doce.

Cidade ternura é uma referência ao hino em homenagem à cidade (“Tatuí, cidade ternura, terra querida onde vivemos, tens filhos de grandes méritos, é justo que os louvemos"). É a capital da música por sediar o Conservatório Dramático e Musical de Tatuí Dr. Carlos de Campos. Trata-se da maior escola de música da América Latina. O terceiro apelido, terra do doce, é o material de investigação do iG Comida. Em algumas reportagens a partir desta, vamos mergulhar no universo de escondidas fábricas familiares. São histórias de gente que está no ramo do doce desde os tempos dos avós.

Foi em um ambiente interiorano das décadas de 1950 e 1960 que os cidadãos de Tatuí se habituaram a encomendar, comprar e comer deliciosos doces caseiros feitos por senhoras quituteiras. Nessa época, as preocupações comerciais eram secundárias. As senhorinhas faziam tudo em suas próprias cozinhas, na maior simplicidade. Era um tempo de portões sempre abertos e de footing na pracinha (como na Lins da novela Estúpido Cupido, do escritor Mario Prata, que os mais velhos, com certeza, devem se lembrar).

A pioneira desses doces foi uma senhora chamada Belarmina de Oliveira Campos. Ela aproveitava os produtos da região (frutas da época e tubérculos) para fazer doces caseiros como os ABC (abóbora, batata-doce (roxa e branca) e cidra). Sua casa ficava na região central da cidade, na rua XV de novembro, e vivia cheia de gente atraída pelo açúcar. Enquanto Belarmina preparava tudo, a freguesia ficava pela cozinha “proseando”. Sua fábrica seria vendida para uma família local, dando origem à tradicional Doces Caseiros Avenida.

O perfil agrícola da cidade facilitou o acesso a uma grande variedade de frutas frescas. Novas doceiras surgiram. Tomires Soares, nessa época, não vencia as encomendas de fios de ovos e rocambole de goiaba (a goiabada era feita por ela), comidinhas famosas em todas as festas.





Foto: Rita Grimm
Bolos de festa das herdeiras da dona Lucha.


Olinda de Paula Martins era conhecida por vender a goiabada mais cremosa, a goiabada cascão, os figos cristalizados e em calda, os doces de coco e de laranja. Tinha freguesia fiel e na época de Natal sua casa era um festival de caixas de figos cristalizados destinados à capital.

Quando se tratava de grandes ocasiões, não podiam faltar os bolos e doces finos de Idalina Rocha Brandão, a dona Lucha, presentes em todas as festas, como nos aniversários da atriz tatuiense Vera Holtz, por exemplo. “O pão-de-ló recheado da dona Lucha era coberto com fondant. Fez parte da minha infância e da infância das minhas irmãs”, relembra Vera. Os doces da dona Lucha eram finos e delicados, inspiraram muita gente na cidade. Sua filha, Clara, absorveu os segredos da família e, por sua vez, já tratou de repassá-los para a filha Fernanda, mantendo assim a tradição de doces finos na cidade e em sua casa.

Os doces artesanais da Estrela D'Alva

A família do senhor Antônio Carlos de Almeida Rosa, na década de 60, fazia doces caseiros para consumo próprio e no ano de 1970 começou a comercializá-los. Eram duas opções: abóbora e laranja. Ambos em calda. Desde pequeno, Antônio Rosa acompanhava da cozinha a movimentação de doces em sua casa. Aos 14 anos, ajudava os pais em quase tudo. Com o legado, acabou aprofundando-se, desenvolveu novos produtos e expandiu o negócio. Os filhos, Rafael e Tatiana, estão junto com ele na produção dos 500 quilos de doce por semana, ao mesmo tempo que tocam uma reforma para ampliação das instalações.

Foto: Rita Grimm
Bombocado e queijadinha assados no forno da Estrela D'Alva: a cada dia da semana, um aroma diferente


Hoje, a empresa chamada Estrela D’Alva está com seus fornos aquecidos para o mercado. As grandes salas exalam aromas. Cada dia da semana é designado a preencher os tachos de cobre com algo diferente: às segundas, só frutas; às terças, beijinho, cajuzinho, casadinho e olho-de-sogra; às quartas, doces ABC; às quintas, doce de leite; sexta-feira é dia de fazer tudo com coco e cristalizados. Nos fornos, a semana se divide entre queijadinhas, quindins, bombocados, pudins e cocada assada. Tudo artesanal, supervisionado pela própria família.

Doces para sempre

Daquela cidade dos bailes de debutantes, de fogões à lenha, de leiteiros em charretes transitando diariamente nas ruas, das matinês de cinema e dos grandes carnavais, muita coisa não existe mais. Mas o doce, sim. Os tatuienses dão sempre uma palavrinha sobre as famílias doceiras, recomendam algum especialista “das antigas” ou uma conhecida que faz delícias. Tem a Nilza das especialidades com milho, a Celina dos fios de ovos e dos suspiros (entre outros doces), a Lourdes dos açucarados na forma de chupeta, o Caresia do bombocado, a Rose da goiabada, a Letícia do papo-de-anjo e muitos outros. Cada um com suas histórias de família, incansáveis empreendedores em suas cozinhas equipadas. Todas essas pessoas fazem de Tatuí uma terra de doce, fortalecida e ainda mais açucarada.

Foto: Rita Grimm
Os suspiros da Celina, agora assados: cada doceira, uma especialidade


Serviço

Estrela D’Alva
Rua Stélio Machado Loureiro, 195
Tatuí – São Paulo
Tel: (15) 3251 5030

Clara e Fernada – Doces Finos
Rua Coronel Aureliano de Camargo, 921
Tatuí – São Paulo
Tel: (15) 3251 4459

Doces Celina
Rua Chiquinha Rodrigues, 382
Tatuí – SP
Tel: (15) 3251 1400

Doce de batata doce

Cremoso, pode ser servido do jeito caipira: basta despejar leite por cima. Acompanha bem uma xícara de café coado na hora

Rita Grimm, de Tatuí, especial para o iG São Paulo 



Foto: Rita Grimm
Na fábrica Pingo Doce, a linha de produção artesanal começou com abóbora, batata doce e cidra, os famosos doces ABC



No princípio, Antônio Rocha Lima Filho, casado com Dona Eulália, tinha uma sorveteria. Na Sorveteria Taí todos os sabores eram resultado de combinações feitas pelo casal e faziam sucesso no verão. Depois, eles abriram uma fábrica de doces, a Doces Taí, e passaram a produzir principalmente os doces ABC (abóbora, batata e cidra). Isso foi em 1967. A intensa produção era vendida na cidade de origem (Tatuí) e também em São Paulo e em Santos. Um dos filhos do casal, conhecido como Netinho, fazia o serviço de porta em porta.

Em 1968, a Doces Taí virou Pingo Doce, em referência à guloseima chamada pingo de leite. Nos anos 70 e 80, a família aumentou a cartela de produtos e o negócio cresceu e ganhou maiores e melhores instalações. A imagem da empresa como referência em doces caseiros foi fortalecida e a partir de 2000 as embalagens passaram a exibir informações nutricionais. Surgiu até mesmo uma linha de produtos diet. Hoje a Pingo Doce tem oito funcionários. Ainda se pretende uma microempresa familiar e oferece mais de 60 tipos diferentes de doces.

Na fábrica, os doces ABC passam por um processo de secagem em uma estufa a 60 graus, com vento dirigido e por tempo determinado. É assim que se forma aquela casquinha por fora. Ficam macios e molhadinhos por dentro. Antigamente, o processo mais caseiro era secar o doce ao sol mas o resultado não era sempre satisfatório. Com a técnica mais moderna, digamos assim, os doces ABC foram valorizados e todas as fábricas utilizam as estufas para essa finalização.

“O doce perguntou para outro doce qual doce era mais doce. O doce então respondeu que o doce mais doce era o doce de batata doce”.

Para quem ficou com apetite de açúcar, Antonio Rocha Lima Neto, o Netinho do início deste texto, ensina uma receita caseira de doce de batata doce. É para ser servida em creme, possível de fazer em casa, já que a estufa é um equipamento de fábrica.



Foto: Rita Grimm
A receita é de batata doce, mas pode ser aplicada a ábobora e batata roxa também. Em casa, o ponto é esse, bem cremoso



Doce de batata doce (branca ou roxa)
Rendimento: 1,5 quilo de doce

Ingredientes
1,5kg de batata doce branca ou roxa
1kg a 1,1kg de açúcar cristal orgânico
1 colher de sopa de limão
cravo a gosto

Modo de preparo

1. Cozinhe a batata até que fique macia.

2. Descasque-a e amasse-a com um garfo (se não tiver moedor).

3. Coloque em um tacho de cobre (ou panela) a batata e todo o açúcar. Em fogo médio, mexa sempre, sem se descuidar, até ficarem bem misturados.

4. Adicione o limão. Continue mexendo (20 a 25 minutos) até o ponto. Mesmo saindo da panela bem quente, tem de parecer “moldável”, consistente e brilhante. É mole, porém, quando se vira a colher, ele cai de uma vez. É importante acertar esse ponto, experimentar, testar. A dica é deixar um pires do lado e ir provando.

5. Quando esfriar, manter em geladeira. Dura até 15 dias.

Alguns gostam de salpicar com cravos. Se quiser servir do jeito caipira, jogue leite ou creme de leite por cima. Acompanha bem um café fresquinho, de coador.

Serviço
Pingo Doce
Avenida Ângelo Poles 900
Tatuí – São Paulo
Tel: (15) 3251 4127


Show de bala

Aprenda a preparar as balas de coco mais famosas de Tatuí: úmidas, macias e que derretem na boca

Rita Grimm, de Tatuí, especial para o iG São Paulo 

Foto: Rita Grimm
Depois de quatro horas descansando, a bala está no ponto que derrete na boca


Na Tatuí dos anos 60 e 70, dona Maria Aparecida Oliveira Barros era conhecida como a Cida do Zezico. Zezico era seu marido. Dona Cida começou a lidar com doces com bolos de aniversário, mas acabou virando especialista em bala de coco e fios de ovos. Sua casa era muito movimentada e ela era mulher muito generosa. Além de produzir os trabalhosos doces, ensinava muita gente a fazer. Era um entra e sai de moças interessadas em aprender seus segredos e logo a Cida seria uma doceira famosa. Suas delícias ganharam outras regiões e, com o número de encomendas cada vez maior, ela precisou contratar mais gente.

No começo dos anos 80, dona Cida tinha um pequeno ajudante. Era um garoto de 13 anos chamado Silas Pires dos Santos. De família simples e mais dez irmãos, Silas tinha uma missão importante: regar as plantas do jardim, o xodó da Cida. No entanto, logo o menino começou a aprender o ofício dos doces e virou assistente. “Fazer bala de coco é muito complicado”, explica. “Eu queria muito aprender. Praticava à noite para conhecer bem os pontos da bala. Errava, acertava, errava de novo, é muito sutil a diferença entre acertar e errar. A bala é sensível, tenho de estar de bem com a vida senão ela desanda.”

Ele conta que, num dia oportuno, quando dona Cida estava bem ocupada, pediu para fazer sozinho todo o processo da bala. Surpreendeu-a com doces perfeitos e ganhou sua confiança para sempre. Quando o marido, Zezico, adoeceu, Silas entrou na linha de produção das balas, liderou toda uma equipe de doceiras e tirou a responsabilidade de dona Cida para ela poder ficar com o marido.

Desde então, passou a se encarregar de tudo. O casal não teve filhos e, quando morreu, dona Cida deixou o negócio para Silas, que recorda de tudo com muito carinho. Hoje, suas balas são as mais famosas da cidade, úmidas, macias e que derretem na boca. “Se o telefone toca enquanto estou puxando as balas, eu não atendo, senão perco o ponto”, sorri.

A bala de coco é também conhecida como bala de alfenim. Alfenim quer dizer confeito de massa de açúcar ou, ainda, melindre, fragilidade, delicadeza.

Silas ensina a receita. Mas adverte: “Será necessário primeiro errar para depois acertar”.

Bala de coco
Rendimento: 1 quilo de balas

Ingredientes

1 garrafa de 200 ml de leite de coco
1kg de açúcar refinado
100 ml de água (pode usar como medida, ½ garrafinha do leite de coco)
Gotas de limão
200g de coco ralado

Modo de preparo

1. Em fogo médio adicione todos os ingredientes colocando por último as gotas de limão. Mexa bem até ferver.

2. Quando a massa adquirir um tom perolado, desligue o fogo e estique-a ainda bem quente sobre uma pedra de mármore (ou granito) untada.

3. Utilizando um gancho na parede (desses de pendurar toalhas), puxe e estique a massa repetidas vezes, com vigor, até que ela fique bem clarinha.

4. Jogue o coco ralado sobre o mármore e faça tiras com a massa sobre ele. Como as tiras da foto, na galeria de imagens acima.

5. Corte as tiras em cubinhos com uma boa tesoura. É preciso firmeza.

6. Reserve até a massa endurecer. Depois de quatro horas, estará no ponto que derrete na boca.

Serviço
Silas – Balas de Coco


Rua 7 de maio, 527
Tatuí – São Paulo
Tel: (15) 3251 1223 / 9633 9517