quarta-feira, 20 de julho de 2016

Estado confirma intenção de vender parte da Estação Experimental de Tatuí

Área que representa 11,1% da fazenda deverá ser vendida por R$ 600 mil

16/07/16 - De O Progresso de Tatuí

Brunno Vogah 
Segundo a Apta, a venda não afetará a coleção de germoplasma

A APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) confirmou, nesta semana, a intenção de vender 11,1% da área da UPD (Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento) de Tatuí, conhecida por “Estação Experimental”.

Os planos da agência é vender 13 hectares dos 117 disponíveis na unidade. Com a venda, o governo estadual espera arrecadar R$ 600 mil. A área corresponde a quase 13 campos de futebol, ou 130 mil m².

De acordo com o coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, o terreno a ser vendido não faz parte do corpo principal da fazenda. A agencia é responsável pela administração das unidades de pesquisa de todo o Estado.

As terras disponíveis para venda estão separadas pela rodovia Mário Batista Mori (SP-143), o que dificultaria o trabalho do manejo dos funcionários da estação. O método de venda poderá ser o leilão.

“Nunca usamos aquela área para pesquisa por dificuldade de acesso. Ela não causará prejuízos à unidade de Tatuí”, garantiu.

O coordenador da APTA disse que a agência prevê investimentos em equipamentos, como a aquisição de irrigador e tratores. As novas máquinas poderão aumentar a produtividade da unidade, que conta com 11 funcionários, somando-se os administrativos, de campo e um pesquisador.

“A UPD de Tatuí é uma unidade que gera receita e consegue cobrir os custos operacionais, com a produção de sementes para o IAC. O que ela precisa é de investimentos para que melhore a produção”, contou.

A unidade local realiza testes de campo para pesquisas de desenvolvimentos de grãos do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), ensaios regionais de cultivares. A UPD também realiza serviços de plantio e colheita de sementes para venda do IAC, recebendo 40% de royalties.

Castro garantiu que a venda das terras não vai afetar a parceria firmada entre a UPD e a Aprobambu (Associação Brasileira de Produtores de Bambu).

Em longo prazo, as entidades preveem a construção de uma unidade agroindustrial experimental voltado ao manejo e ao beneficiamento do bambu. A UPD de Tatuí é detentora do segundo maior banco ativo de germoplasma (coleção genética) de bambu da América Latina.

“Não vai atrapalhar em nada. A Aprobambu vai investir em pesquisa e montar uma unidade de excelência. Nós buscamos, inclusive, parcerias de entidades para outras áreas de pesquisa”, afirmou.

O plano do governo do Estado é vender 13,4 milhões de m² dos 40,1 milhões de m² de terras destinadas à pesquisa em todo o Estado. Algumas UPDs, como as de Itapeva e Gália, o polo regional de Brotas e o Centro de Engenharia e Automação de Jundiaí, terão as áreas vendidas integralmente.

Perderão parte da área as unidades de Araçatuba, Nova Odessa, Piracicaba, Campinas, Pindamonhangaba, Ribeirão Preto, Itapetininga e Presidente Prudente.

O coordenador da APTA defendeu a venda das áreas. Para ele, algumas UPDs “perderam inserção regional” e a semelhança entre clima e solo entre algumas unidades faz com que seja desnecessária a manutenção de terras parecidas.

“Foi feita uma avaliação, e propusemos ao governo do Estado que poderiam ser alienadas algumas áreas, seja por venda ou por parceria com a iniciativa privada”, explicou.

De acordo com Castro, foi solicitado ao governador que o dinheiro arrecadado com as vendas fosse repassado à própria agência. No total, a APTA espera arrecadar R$ 1,1 bilhão.

“A nossa condição é que 100%, ou parte do valor, fossem repassados à própria agência, para fomentar as pesquisas e manutenção da APTA”, afirmou.

De acordo com Castro, a venda dos ativos “deve demorar”. A proposta está na Assembleia Legislativa, onde será votada pelos deputados.

O projeto de venda das áreas de pesquisa encontrou resistência entre parlamentares. Um deles, Carlos Neder (PT), questionou a venda na Justiça. O Judiciário suspendeu temporariamente o processo de votação.

“Nós já enviamos a defesa para a Justiça e, em breve, o Tribunal de Justiça vai liberar o projeto para trâmite no Legislativo. Ainda com a liberação, a venda não é para amanhã, ela vai demorar”, explicou.

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