terça-feira, 8 de julho de 2025

Após queda de balão, Boituva adota sistema de bandeiras meteorológicas para liberação de voos

O decreto, publicado na sexta-feira (4), busca estabelecer uma segurança reforçada para as atividades de aerodesporto no município, baseado nas condições meteorológicas diárias. Sistema passa a funcionar nesta segunda-feira (7).

Por g1 Itapetininga e região com edição do DT

Boituva implanta sistema de bandeiras meteorológicas para voos panorâmicos

05/07/2025 12h39 |   Prefeitura de Boituva (SP) publicou um decreto que implanta um sistema de bandeiras meteorológicas para autorizar voos de balão e outras atividades aéreas. A medida, que passa a valer a partir de segunda-feira (7), foi anunciada na sexta-feira (4), e é mais uma das ações adotadas após o acidente com balão que matou uma mulher de 27 anos em Capela do Alto (SP), no dia 15 de junho.

Além do novo sistema de sinalização, a prefeitura também lançou um portal para divulgar, com antecedência, as condições climáticas para a prática do balonismo e de outros esportes aéreos.

Segundo a administração municipal, as condições de voo serão divulgadas com quatro horas de antecedência, em um sistema coordenado pela Associação de Balonismo de Boituva (ABBV).

Ainda de acordo com a prefeitura, uma empresa foi notificada e teve as atividades suspensas na sexta-feira por operar sob bandeira vermelha, sem cadastro e sem comprovação técnica do piloto. A prefeitura não divulgou o nome da empresa.

Veja como funciona cada uma das bandeiras:

Bandeira verde: os voos estão liberados e não há celular de tempestade na rota;
Bandeira amarela: significa atenção redobrada, sendo necessário uma pausa de 30 minutos para reavaliação, decolagem somente autorizada quando voltar para o verde;
Bandeira vermelha: voos proibidos, decolar sob essa bandeira significa infração grave. Os responsáveis podem sofrer suspensão de atividades em até seis meses, cassação da autorização temporária, apreensão de equipamentos, comunicação imediata à ANAC e demais autoridades.

Ainda no decreto, foi informado que as empresas e operadores que descumprirem o protocolo ou não apresentarem a documentação exigida, sofrerão notificações ou sanções. No site da prefeitura também será disponibilizado um portal, onde os cidadãos poderão verificar a cor da bandeira do dia, essas atualizações devem acontecer em tempo real pela ABBV.

O decreto foi publicado no semanário oficial da Prefeitura de Boituva (SP), na sexta-feira (4) — Foto: Reprodução/Prefeitura de Boituva

Empresa voltou a vender voos

A empresa de balonismo Aventurar, responsável por passeio que matou a turista em Capela do Alto, voltou a oferecer voos sem autorização. Essa prática foi denunciada pela prefeitura de Boituva, na terça-feira (2), depois de um monitoramento feito nas redes sociais.

Conforme a prefeitura, a empresa não possui inscrição municipal e nem liberação do Corpo de Bombeiros, essas que são exigências obrigatórias. Ainda assim, a Aventurar voltou a divulgar voos com decolagem em Boituva e tentou transferir a sede para a cidade, que foi negado.

O boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira e enviado à Polícia Civil, que deve investigar o caso. Ainda de acordo com a prefeitura, uma denuncia contra a empresa foi encaminhada à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

O g1 não conseguiu contato com a empresa até a publicação desta reportagem.

Balão que transportava 33 passageiros caiu em uma área rural de Capela do Alto, a cerca de 25 quilômetros de Boituva (SP), de onde saiu. Uma mulher morreu. — Foto: Letícia Paris/TV TEM

Dono da empresa e piloto foram indiciados

A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo o piloto e o dono da empresa responsável pelo balão. Os dois indiciados pelo crime são Miguel Antônio Bruder Leiva, dono da empresa Aventurar Balonismo, e Fábio Salvador Pereira, piloto do balão.

O dono da empresa de balonismo foi intimado para prestar depoimento, entretanto, ele não compareceu. A defesa alegou que ele está com problemas de saúde.

O delegado de Capela do Alto, Luis Rafael Souza Campos, informou ao g1 que Miguel já havia sido intimado anteriormente, por carta precatória, mas também não compareceu. Com o fim do prazo para conclusão do inquérito, a Polícia Civil encaminhou o caso à Justiça.

A partir de agora, o caso segue para o Ministério Público, que assume a condução da próxima etapa. O MP pode oferecer denúncia à Justiça, transformando os indiciados em réus, pedir o arquivamento do caso, se entender que não há provas suficientes, ou solicitar novas diligências para aprofundar as apurações. Se a denúncia for aceita pelo Judiciário, o caso segue para julgamento.

Segundo a Polícia Civil a empresa só tinha autorização para voos privados, e não comerciais. Em depoimento, o piloto disse à polícia que uma rajada de vento inesperada provocou o acidente e que passageiros tentaram pular.

O g1 não conseguiu contato com a defesa dos indiciados até a publicação desta reportagem.

Relembre o acidente

Segundo a Polícia Militar, o balão transportava 35 passageiros e havia saído de Boituva. O balão chegou a bater duas vezes contra o solo antes de cair e parar de vez. Testemunhas contaram que essas colisões provocaram a queda de quatro pessoas do balão.

Os feridos foram levados para o pronto-socorro de Capela do Alto e para o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), mas já receberam alta.

A mulher que morreu foi identificada como Juliana Alves Prado Pereira, de 27 anos. Ela estava no passeio com o marido, Leandro de Aquino Pereira, com quem comemorava o Dia dos Namorados. Era psicóloga e natural de Pouso Alegre (MG).

Medidas de segurança

Uma reunião de emergência foi realizada na segunda-feira (16), entre a Prefeitura de Boituva, a Confederação Brasileira de Balonismo e a Associação de Balonismo de Boituva para adotar medidas de segurança após o acidente.

Após três dias da morte de turista, a Prefeitura de Boituva lançou um cadastro online, na quarta-feira (18), para comunicação de voos de balão. As empresas devem preencher o formulário com no mínimo quatro horas de antecedência no site da prefeitura.

Entretanto, mesmo com um formulário obrigatório implementado, quase 20 voos de balões não foram informados à prefeitura de Boituva (SP) no feriado prolongado, entre quinta-feira (19) e sábado (21).

Balão com 35 pessoas cai no interior de SP — Foto: Arte g1

A psicóloga Juliana Alves Prado Pereira morreu em queda de balão em Capela do Alto (SP), quando comemorava o Dia dos Namorados com o marido — Foto: Letícia Paris/TV Tem e reprodução redes sociais

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