sábado, 22 de setembro de 2018

Conservatório de Tatuí restaura “O Apascentador”

Recuperação foi coordenada pelo cenógrafo Jaime Pinheiro como homenagem ao autor da obra, o professor e artista plástico Josué Fernandes Pires

Símbolo do Conservatório de Tatuí, escolhido em um concurso no final da década de 1960, a escultura “O Apascentador” acaba de ser restaurada. A recuperação foi coordenada pelo professor e cenógrafo da instituição, Jaime Pinheiro, que foi aluno, amigo e “quase filho” – em suas palavras – do criador da obra, professor e artista plástico Josué Fernandes Pires. A restauração foi concluída em 13 de setembro, dia que seria aniversário de Josué Pires (falecido em 2008), na presença de seus filhos Jenner e Séfora Fornazari Pires, e do diretor executivo do Conservatório, Ary Araújo Júnior.

A imagem eleita como ícone da tradicional escola de música tatuiana foi inspirada pelo filho do autor, Jorge Pires, que na época tocava clarinete na Banda São Jorge, então coordenada por José Coelho de Almeida. “O Apascentador” foi produzido a partir de estrutura de aço revestida com concreto, com o rosto feito em cobre. “Para a restauração, foram feitas várias pesquisas e testes de materiais, pois era preciso chegar o mais próximo possível do resultado que o professor Josué obteve na época da criação”, comenta Jaime Pinheiro.

Para o diretor da escola, preservar a escultura-símbolo do Conservatório de Tatuí é um dever e uma satisfação: “Nada mais justo do que cuidar do nosso patrimônio, por toda essa história, por todos as pessoas, personagens que construíram nossa história e não podemos deixar de lado. O Conservatório tem 64 anos e essa trajetória precisa ser preservada, tenho uma preocupação muito grande com isso”. 

Emocionados com a recuperação da obra, os filhos Jenner e Séfora relembraram a infância e juventude e os ensinamentos do pai. “Ele foi nosso professor, mas nunca dava notas altas, pois dizia que não seríamos privilegiados. E não ajudava nas lições. Ele dizia que precisávamos aprender de verdade, ‘faça você mesmo’”, conta Jenner. 

Para os filhos, o professor Josué foi um homem à frente do seu tempo: “Ele falava em ecologia e preservação do meio ambiente décadas antes de o mundo se preocupar com isso. Ele recolhia sementes na rua e saia plantando. Sempre dizia ‘cuidem da mata ciliar e das fontes de água’”, lembra Séfora.

“Era querido por todos, um incansável pesquisador, apaixonado pelas artes e pela ufologia. Lia muito, pesquisava muito, mas nunca deixava um assunto fechado, estava sempre aberto para dialogar, para novas teorias e novos conhecimentos”, completa Jaime.

Questionado sobre a simbologia de finalizar a restauração no dia em que o professor Josué completaria 92 anos, Jaime garante: “Coincidiu de o material chegar no início do mês e, pelo tempo de secagem dos produtos. Mas é uma homenagem mais do que especial, porque esse era um dia muito importante para ele, ele gostava de sentar, falar, filosofar sobre a vida e outras coisas. É um presentinho de aniversário, mais para mim do que para ele”.

Sequência – Depois de “O Apascentador”, os estudantes José Carlos da Silva e João Pereira Araújo, orientados pelo professor Josué Pires e seguindo as mesmas técnicas da primeira escultura, produziram “O Encaminhador”, estátua fixada na frente da Escola Técnica Salles Gomes. Ela foi exposta pela primeira vez em agosto de 1971.

A terceira estátua da série foi criada em 1982, “O Semeador”. Foi produzida a pedido do engenheiro agrônomo Armando Petinelli, por conta da comemoração do cinquentenário da Estação Experimental de Tatuí.

Apoio cultural – O Conservatório de Tatuí tem apoio cultural de CCR SPVias e Coop.

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