BOGOTÁ (COLÔMBIA) — 16/07/2025 (quarta-feira)
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“Isto não é uma guerra, é um genocídio!” foi o grito que ecoou no centro de Bogotá nesta quarta-feira (16), ao final do encontro internacional do chamado Grupo de Haia, que reuniu mais de 30 países em um esforço liderado por Colômbia e África do Sul para exigir ações concretas contra o governo de Israel. A reunião teve início na terça-feira, 15 de julho, e resultou na assinatura de uma declaração histórica por 12 nações, que exigem embargo imediato de armas, boicote comercial e sanções multilaterais ao Estado de Israel.
“Pela primeira vez, talvez, estamos deixando de lado as declarações vazias para pensar em como tomar ações concretas para pôr fim a este genocídio que já dura 21 meses”, declarou emocionado o embaixador da Palestina na Colômbia, Rauf Al Malki, diante de manifestantes e jornalistas, cercado por forte esquema de segurança. “Bogotá se converte na capital da paz, da liberdade e da justiça”, completou, elogiando a iniciativa colombiana de sediar o encontro.
O documento final, assinado pela Bolívia, Cuba, Colômbia, Indonésia, Iraque, Líbia, Malásia, Namíbia, Nicarágua, Omã, São Vicente e Granadinas e África do Sul, propõe quatro ações consideradas fundamentais para o fim da guerra: embargo total à venda e transferência de armas para Israel; boicote a produtos oriundos de colônias israelenses em territórios palestinos ocupados; revisão ou rompimento de tratados comerciais com Israel — incluindo o Tratado de Livre Comércio entre Colômbia e Israel; e pressão para exclusão de Israel da ONU, de competições internacionais e dos Jogos Olímpicos.
A eurodeputada Rima Hassan, presente ao ato, discursou em francês e enfatizou o papel fundamental da mobilização popular. “São vocês, o povo, que honram a causa palestina. É a mobilização de vocês que força os políticos a cederem”, disse. Ela também denunciou que a prefeitura de Bogotá tentou proibir a manifestação, destacando que “a resistência cidadã deve continuar, especialmente nas ruas, porque, sem vocês, muitos políticos não têm coragem de tomar as decisões corretas”.
Ao fim da reunião oficial, os representantes seguiram em marcha até a Praça de Bolívar, onde encontraram uma intervenção artística no chão: sacos brancos com amarras e manchas vermelhas representavam os corpos das crianças palestinas mortas, em uma denúncia simbólica do que chamaram de genocídio. A cena comoveu os presentes e marcou o encerramento do evento com um forte apelo moral e visual.
Em declaração exclusiva após o encerramento, o embaixador palestino reforçou o teor da decisão. “Esta reunião é muito importante para os palestinos e para a humanidade. Mais de 30 países se uniram. Doze assinaram uma declaração expressando o desejo de tomar medidas contra o genocídio, contra a ocupação, o apartheid e as violações do direito internacional”.
Ao ser questionado sobre quais seriam as principais medidas, ele respondeu com firmeza:
“O embargo total de armas e o boicote a produtos das colônias israelenses. E tudo isso deve começar imediatamente”.
O evento marca uma inflexão inédita nas reações diplomáticas ao conflito entre Israel e Palestina. “O Sul Global finalmente se une para proteger a vida, a liberdade, a paz e a justiça, porque, individualmente, os países estão sendo maltratados pelos poderosos”, afirmou o embaixador.
“Se não estivermos unidos, todos sofreremos o mesmo que o povo palestino sofre agora”, finalizou.
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