quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Pacientes de S. Miguel Arcanjo reclamam da falta de médicos após saída dos cubanos

Município tinha mais médicos cubanos que brasileiros no programa 'Saúde da Família', aponta Secretaria de Saúde.

Por G1 Itapetininga e Região, com copidesque do DT

Falta de médicos cubanos nos postos de saúde prejudica moradores de São Miguel Arcanjo

Os pacientes de São Miguel Arcanjo, que tem cerca de 33 mil habitantes, já reclamam da falta de médicos nos postos de saúde com a saída dos profissionais cubanos das unidades. Dos 10 médicos que atuavam no programa "Saúde da Família", sete eram cubanos. Segundo a Secretaria de Saúde, eles atendiam 24 pessoas por dia, sendo 168 atendimentos no total.

No dia 15 de novembro, o G1 conversou com uma das médicas que atuava na cidade. Segundo Evelyn Fernandez, de 28 anos, a falta dos médicos será prejudicial para o município.

Maria Nilsen diz que não conseguiu consulta no posto de saúde — Foto: Reprodução/TV TEM

A moradora Laura Aparecida de Souza afirma que costuma levar com frequência o pai, que tem 82 anos, no posto de saúde em São Miguel Arcanjo. Porém, segundo ela, na segunda-feira já não conseguiu passar pelo atendimento. “Estava um dia chuvoso. Ele veio com todo o sacrifício porque tem sequelas, e mais uma vez chegamos e não fomos atendidos. Fiquei revoltada, conversei com a secretária e a alegação dela é a mesma, que os médicos cubanos estão indo embora”, diz.

Moradora de São Miguel Arcanjo, Laura Aparecida de Souza, reclama da falta de atendimento nos postos de saúde — Foto: Reprodução/TV TEM

Muitos moradores que chegaram ao posto de saúde central nesta quarta-feira (21) ainda não estavam sabendo das mudanças, mas ficaram preocupados. Maria Nilsen mora na área rural e foi até o posto para marcar uma consulta por causa de uma dor no braço. Após 15 minutos dentro da unidade, ela saiu desanimada. “Não tem médicos, e até arrumarem tudo não tem nem prazo”, diz.

Reflexo | Outros dois médicos brasileiros tinham deixado os cargos após a saída dos cubanos. Agora, só restou um profissional para dar conta dos atendimentos, o que não é possível segundo a Secretária de Saúde, Katia Raskivicius. “Temos um prejuízo de consultas diárias que não vamos conseguir repor tão cedo. Com o início dos novos médicos vamos reagendar quem ficou sem atendimento, e em breve conseguimos colocar de volta ao eixo”, diz.

Apesar do problema, ela afirma que já existe um prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde para a contratação de novos profissionais para as vagas que estão abertas. “A previsão que saiu no edital do Ministério é que sejam repostos entre o dia 6 e 7 de dezembro”, afirma.

Região | Além de São Miguel Arcanjo, outras cidades da região tinham médicos cubanos atuando nos postos de saúde.

Pilar do Sul: 4 médicos
Itapetininga: 2 médicos
Tietê: 2 médicos
Cesário Lange: 1 médico
Itapeva: 1 médico
Manduri: 1 médico
Nova Campina: 1 médico

A cubana Evelyn Fernandez atendia moradores de São Miguel Arcanjo por meio do Mais Médicos — Foto: Evelyn Fernandes/Arquivo Pessoal

'Triste pelo Brasil' | A médica cubana Evelyn Fernandez, de 28 anos, que fazia parte de um grupo de médicos cubanos do programa social 'Mais Médicos', que atuava em São Miguel Arcanjo, afirmou que está triste com a saída. "Eu voltarei feliz para meu país. Feliz por saber que cumpri minha responsabilidade como médica. Mas fico triste pelo Brasil e por deixar pacientes que precisam de nós. Deixarei gente que precisa do nosso trabalho, do nosso cuidado."

De acordo com Evelyn, que está há um ano no Brasil, será prejudicial a retirada dos profissionais cubanos. "Eu vim com o grupo disposta a ajudar as pessoas. Vim com o grupo e fiquei muito feliz. Atendo hoje o posto de saúde da área central e pessoas da zona rural. São pacientes que necessitam da gente. A cidade vai sentir muito e isso será um reflexo no Brasil também", diz.

A médica conta que já atuou três anos na Venezuela e que exerce a medicina como forma de responsabilidade social.

Médica cubana diz que vai voltar ao país dela com a sensação de dever cumprido — Foto: Evelyn Fernandes/Arquivo Pessoal

Inscrições | O governo federal abriu na manhã desta quarta-feira (21) as incrições para o programa Mais Médicos. Estão sendo ofertadas 8.517 vagas para atuação em quase 3 mil municípios e 34 distritos indígenas. O salário é de R$ 11.800,00. Podem se candidatar às vagas os médicos brasileiros com CRM Brasil ou com diploma revalidado no país. As inscrições vão até o dia 25 deste mês e devem ser feitas por meio do site do programa. O início das atividades está previsto para o dia 3 de dezembro.

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