quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Laudo aponta que garota suspeita de ser obrigada a fazer sexo é virgem

Mãe, que responde por abandono, teria forçado ação por moradia, em Tatuí.
'Mas ainda não estão descartados os possíveis estupros', diz delegada.

Caio Gomes Silveira, do G1 Itapetininga e Região

Casa do idoso que abrigava menina de 12 anos é suja, diz órgão (Foto: Divulgação/ Conselho Tutelar Tatuí)

A adolescente de 12 anos que supostamente teria sido obrigada pela mãe a fazer sexo por moradia é virgem, aponta laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML), divulgado nesta quarta-feira (21) pela delegada Silvia Betti Albiero, chefe da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em Tatuí (SP). “O exame afirma que o órgão sexual da menina não foi violado. Mas ainda não estão descartados os possíveis estupros”, comenta a delegada, explicando que ela pode ter sofrido outras formas de abusos sexuais.

A denúncia ocorreu no início deste mês, quando o Conselho Tutelar fazia um trabalho no Bairro Novo Horizonte. Acompanhados de guardas municipais, conselheiros foram até a casa da menina, que morava com a mãe e outros dois homens. Ao perceber a situação de abandono, a menina foi levada para um abrigo e a polícia começou a investigar o caso.

Menina disse que ficava os dias na casa, afirma órgão (Foto: Divulgação/ Conselho Tutelar Tatuí)

Três homens, de 37, 46 e 71 anos são suspeitos de terem feito sexo com a menina. O homem de 37 anos já está preso por outro caso de estupro a adolescente, enquanto o idoso e o homem de 46 anos respondem em liberdade.

O idoso seria com quem ela vivia e seria obrigada pela mãe a fazer sexo por moradia. Todos negaram as acusações da garota. “Continuamos investigando a situação dos homens, mas fora o depoimento da criança, não há denúncias de testemunhas contra eles”, afirma Silvia.

A mulher de 47 anos, mãe da garota, responde pelos crimes de abandono de incapaz, já que a menina foi encontrada pelo Conselho Tutelar em situação crítica. Ela foi presa, mas pagou fiança de R$ 5 mil e foi liberada. “A adolescente não era matriculada em escola e estava cheia de piolho quando foi encontrada, tanto é que só pedia por banho e cheguei a dar um creme pessoal para evitar as coceiras dela”, diz a delegada. A suspeita pode ainda responder pelos crimes sexuais, se comprovado que obrigava a filha a fazer sexo com os homens, completa Silvia.

Para a delegada, o caso se mostra como um problema social e não policial. “Desde que ela foi levada à Casa de Acolhimento Institucional, o irmão de 19 anos e a irmã, de 22, não foram visita-la e o pai foi ao local apenas para falar que não tem condições de criá-la porque é alcoólatra. A menina não tem avós, ou seja, ninguém se interessou em cuidar dela. Pelo menos no abrigo municipal ela está recebendo o mínimo: que é alimentação, higiene pessoal e escola”, diz.

Entenda o caso
A denúncia ocorreu em 10 de outubro quando a conselheira tutelar Fabiana Cristina Campos atendia no Bairro Novo Horizonte, onde a jovem vivia com a mãe, o namorado dela e o irmão dele, o idoso de 71 anos. A conselheira recebeu informações sobre o caso e foi com uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) ao local.

A garota afirmou à conselheira que os estupros aconteciam há três meses, desde julho, quando ela e a mãe se mudaram para a casa do idoso e do companheiro da mulher, irmão do idoso. Mas à delegada, a menina disse que os abusos começaram com o homem de 46 anos antes do período, pelo menos desde maio de 2014.

Segundo o Conselho Tutelar, a menina contou que estava há cinco dias sem tomar banho, sem alimentação adequada e cheia de piolhos. "A cada momento ela parava para perguntar se podia tomar banho. Além da infestação de piolhos, as unhas estavam compridas e sujas. Me parece que há uma falta de estrutura familiar desde a juventude dessa mãe, já que ela expõe a própria filha a tais riscos”, afirma o presidente do órgão, Luiz dos Santos Netto.

Caso foi registrado na Polícia Civil do município (Foto: Cláudio Nascimento/ TV TEM)

‘Mãe é fria e egoísta’
A mulher de 47 anos é fria e egoísta, afirma a delegada Silvia Betti Albiero. “Em nenhum momento ela se indignou ao saber das denúncias de estupro, também não perguntou qual seria o destino dela e só ficou nervosa quando soube que seria presa. Ela age por seus próprios interesses, desde que tenha alguma vantagem”, afirma.

Além de abandono de incapaz, a mulher também é suspeita de estupro e aliciamento, mas não foi presa por esses crimes por falta de provas. “Quando a garota soube que a mãe seria presa ficou desesperada para defendê-la. Para ela, a mãe só queria o bem. A jovem só se acalmou quando foi ao abrigo municipal e tomou um banho, já que estava cheia de coceira por piolhos”, diz Silvia.

Rua onde mãe e filha moravam com o idoso de 71 anos (Foto: Cláudio Nascimento/ TV TEM)

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