domingo, 13 de setembro de 2015

almanaque / A Casa Publicadora estava de partida

“A Revista Adventista, principal periódico da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil, tem mais de 100 anos de história.”
Ademir Medici - Do site da CPB (Casa Publicadora Brasileira)

DIÁRIO DO GRANDE ABC - Foram quase 80 anos de vida plena em Santo André, de 1907 a 1985. Então, a Casa Publicadora Brasileira vende suas instalações no início da Avenida Pereira Barreto e muda-se para Tatuí, no interior do Estado, seguindo o que ocorrera na virada dos anos 1960 para 1970 com outras três indústrias pioneiras locais: Ipiranguinha, Kowarick e Streiff – estas, diferentemente, encerraram atividades.

Seria o início do processo de desindustrialização do Grande ABC? A resposta é positiva.

Mas há 30 anos, quando a Casa Publicadora Brasileira preparava-se para deixar Santo André, outras grandes indústrias resistiam bravamente, casos do Grupo Rhodia – com as unidades Química, Têxtil e Valisère – e gigantes da Avenida Industrial do tamanho de uma Fichet e de uma Nordon.

Em setembro de 1985 apenas dois departamentos ainda ocupavam o prédio da Casa Publicadora. Todos os demais estavam em Tatuí. As negociações para a venda das instalações andreenses da empresa eram mantidas em sigilo, como informava a jornalista Elianete Simões.

Sigilo revelado / “Tudo o que se refere à transação está sendo cercado pelo mais absoluto silêncio”, escrevia Elianete (cf. Diário, 1-9-1985).

Em telex enviado de Tatuí, Rubem Scheffel, representante da administração da Publicadora, afirmava: “Será oportuno e interessante levar a público o assunto tão logo se tenham concluído as negociações de venda do imóvel, que decorrem em clima de sigilo comercial.”

Claro que a competente repórter não se limitou à posição oficial da centenária Publicadora. Trinta anos depois, os subsídios utilizados na reportagem são valiosos ao entendimento daqueles momentos de transição econômica vividas não só em Santo André como em todo o Grande ABC:

- Há cerca de cinco anos (desde 1980, portanto) a venda da área da Casa Publicadora motiva movimentações e especulações nos meios imobiliários da região.

- O interesse é plenamente justificável: trata-se de uma das maiores áreas disponíveis em Santo André – exatamente 43.171,50 m² – que, além disso, possui localização estratégica.

- Situada junto à Avenida Pereira Barreto, principal via de ligação entre Santo André e São Bernardo, sempre foi considerada ideal para implantação de grandes empreendimentos, principalmente shopping centers.

- A característica do (futuro) empreendimento, obviamente, dependeria do setor de atividade da compradora – e aqui as apostas vão desde o Grupo Paes Mendonça até o Mappin.

115 anos de história / Elianete Simões acertou. O Mappin viria para a região, ocupando o espaço da Casa Publicadora, com uma grande festa e uma exposição de fotos históricas fornecidas pelo Diário.

Até hoje há quem chame o espaço de Mappin, mesmo que aquela organização já não exista mais. Vejam lá, agora é Shopping ABC.

Da Casa Publicadora, temos a história. E as inscrições Casa Publicadora Brasileira junto à Igreja Adventista central de Santo André, na Rua Lourenço Rondinelli.

E neste 2015, preservando um rico acervo gerado em Santo André e guardado em Tatuí, a Casa Publicadora completa 115 anos, já que antes de se instalar em Santo André em 1907, funcionou no Rio de Janeiro e na cidade gaúcha de Taquari.

Historiava Elianete aqui no Diário: “Pertencente à Organização Adventista do Sétimo Dia, (a Casa Publicadora) é responsável por todas as publicações religiosas da Igreja e por inúmeros livros e revistas de cunho educativo. É de sua responsabilidade, por exemplo, a edição de revistas como Nosso Amiguinho, Mocidade, Atalaia e Vida e Saúde.”

DEPOIMENTO / Nos anos 1970 convivemos de perto com a Casa Publicadora Brasileira e com os jornalistas da casa, Ivo Santos Cardoso, Azenilto G. Brito e Rubens da Silva Lessa, autor de um livro sobre o centenário da CPB.

Azenilto nos dava carona para o curso de jornalismo na Cásper Líbero. E, estimulados pelos colegas, foram vários artigos que escrevemos para as revistas da Publicadora, frequentando as instalações da foto de hoje, de tantas saudades.

Na história do jornalismo e da literatura do Grande ABC, a Casa Publicadora contribuiu com os primeiros títulos de suas revistas e livros, aqui escritos, editados e impressos, numa história que aí está para ser sistematizada. Basta uma corrida até Tatuí, a pouco mais de 200 quilômetros do Grande ABC.

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