terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bistequinha caseira (Veja matéria do IG sobre comida típica de Tatuí)




Na companhia de arroz, feijão e saladinha de tomate, um prato de encantadora simplicidade

Rita Grimm, de Tatuí, especial para o iG São Paulo 

Bisteca da boa, macia, que derrete na boca. Sabe aqueles restaurantes do interior, com mesa de fórmica, copos americanos e paredes azulejadas? Adicione atendimento amigável, fartura e uma pitada de simplicidade: é a Bisteca do Caipirinha, um negócio familiar situado na cidade de Tatuí, no estado de São Paulo, a 140 quilômetros da capital. Junte, então, uma freguesia fiel que divide espaço com visitantes de todo o Brasil e que há mais de quarenta anos vêm provar a bistequinha preparada no restaurante do senhor Ataíde Vieira Quadra Filho, mais conhecido como Taíde. O resultado que sai das panelas confere aromas da casa da mamãe.

Desde 1965, quando tudo começou, pouca coisa mudou no conceito do restaurante. O Taíde jogava truco e tomava conta de um bar de jogos de baralho na cidade. Um dia, a pedido de um freguês, precisou criar uma refeição para um grupo. Imediatamente, fez referência à comida caseira: um pouco de arroz e feijão, uma carne, ovo frito e uma saladinha de tomate. Parecia simples e fácil. Infelizmente a primeira incursão culinária do futuro cozinheiro falhou. Sem nenhum tempero, a comida não fez muito sucesso entre os jogadores. “Eu fazia o que eu sabia, mas faltava um tchan! Isso lá nos anos 60, faz um tempão”, comenta, sorrindo. Até que um dia técnicos que trabalhavam na duplicação da Rodovia Castelo Branco deram as melhores instruções para o Taíde: usar frigideiras grandes, temperar corretamente a salada, fazer arroz soltinho e feijão saboroso, como comida de mãe. Começou, aprimorou e progrediu.

Por meio do sucesso de sua comida, Taíde saiu de uma garagem alugada e foi parar em um grande sobrado. Mora em cima e embaixo mantém o restaurante, não quer sair de perto do trabalho de jeito nenhum.

Abre as portas às dez e meia da manhã para o almoço e por volta das três da tarde o movimento começa a cair. Sandra Quadra, sua filha, às três da manhã já está fazendo o arroz com feijão. Às oito, os funcionários começam a lavar e a cortar tomates e cebolas. O filho Valdir Quadra pilota as frigideiras (as mesmas desde 1965) e o neto Paulo Fiúza administra e faz as compras. Todos sabem fazer de tudo, um cobre o outro na hora de pico, e o Taíde, que já fez tudo isso no passado, com seus belos olhos azuis, faz as vezes de “host” do Caipirinha, logo na entrada.

Quem vai pela primeira vez ao restaurante ganha uma clicada para a posteridade. Fotos de Ayrton Senna, Wilson Simonal, Vera Holtz, Bira, Zezé Motta, Olivier Anquier, entre outros conhecidos, estão espalhadas pelas paredes e pilares do salão junto com os registros da freguesia local.

Já de início, para abrir o apetite, cachaças da região são oferecidas como cortesia. Apesar dos quase 80 anos, sempre disposto, Taíde – que prefere ser chamado de Caipirinha – faz questão de visitar todas as mesas, conhece a maioria dos fregueses pelo nome. A casa lota, tem barulho na cozinha e muita conversa no salão.

O arroz e o feijão ficam sobre um fogão antigo no salão principal, sem luxo. A salada de tomate acompanha muita cebola cortada em fatias bem fininhas. Assim que os ovos fritos chegam à mesa e o freguês se serve, o Caipirinha, como de hábito, pergunta: “Querem mais ovos fritos? Pode repetir à vontade.” A bisteca chega por último, é caprichada, cheia de cebola, saborosa, fumegante.

O restaurante serve mais três pratos: filé de frango, lombo e bisteca de porco. Todos acompanham feijão, arroz, salada e ovos fritos. Os preços variam de 18 a 25 reais, em porções para até três pessoas. Na hora da sobremesa, o Caipirinha oferece: “Estão todos magros nesta mesa, precisam de um docinho! É bombocado ou pudim de leite?”

Aos domingos o restaurante fecha. Não é para menos, é dia do Caipirinha visitar seus parentes e jogar truco praticamente o dia todo, como ele mesmo diz: “O nosso jogo de truco não vale nem um copo de água”.

A família Quadra dá algumas dicas para preparar bisteca em casa:

1. Escolha um bom açougue, de sua confiança, para poder comprar carne fresca, recém-abatida.
2. Escolha uma carne meio gorda e não use óleo para fritá-la, ela frita na própria gordura. Fogo baixo para cozinhar. Fogo alto no final.
3. Tempere apenas com sal e pimenta do reino, deixe o sabor da bisteca sobressair quando degustar.
4. Aqueça o prato em que servirá a carne, assim ela não esfria.

Serviço
Bisteca do Caipira
Rua do Cruzeiro, 954 Tatuí - SP
(15) 3259 1557

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