segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Formação e mercado de trabalho para pianistas são temas de 1º Fórum Nacional

A formação do jovem pianista e o mercado de trabalho no Brasil serão os temas centrais do 1º Fórum Nacional de Pianistas que acontece no Conservatório de Tatuí, nesta quinta-feira, 9. O evento integra o VII Encontro Internacional de Pianistas e tem como objetivo promover ampla discussão sobre ampliação de oportunidades de atuação no mercado pianístico.

Convidados de diversas áreas estarão em Tatuí para participar de debates que, num primeiro momento, serão voltados aos representantes de diferentes entidades e áreas, e, num segundo, contarão com participação de espectadores.

O fórum é a concretização de sugestões apresentadas por um grupo de músicos de São Paulo. “Já há algum tempo temos discutido o que fazer para que os jovens pianistas tenham mais acesso ao mercado de trabalho, que é muito reduzido. Então, começamos a refletir para tentar criar uma solução e a imaginar o que poderia ser feito”, conta o assessor pedagógico do Conservatório de Tatuí, Antônio Ribeiro.

As conversas tomaram “corpo” com a oficialização da proposta da criação de um fórum de âmbito nacional. Inicialmente, o grupo pensou em realizar um evento que reunisse pessoas ligadas ao universo pianístico. “E isso até estava, em princípio, desconectado com o encontro”, destaca o assessor.

Também em função disso, o grupo havia proposto que o fórum acontecesse em São Paulo. Tatuí surgiu no circuito justamente por conta do VII Encontro Internacional de Pianistas do Conservatório de Tatuí. A cidade foi eleita como sede do evento a partir de conversas entre o grupo e a coordenadora do encontro e da área de piano do Conservatório de Tatuí, Cristiane Bloes, que convidou nomes de peso no cenário internacional para participar do evento.

Compõem a lista de convidados: André Rangel, Antonio Vaz Lemes, Eudóxia de Barros, Luciana Noda, Maurícy Martin, Nahim Marun, Paulo Henrique Almeida, Renato Figueiredo, Scheilla Glaser e Sérgio Molina (Brasil). Também participam: Sergio Gallo (Brasil/Estados Unidos), Fabio Luz (Brasil/Itália), Beatrice Berthold (Alemanha/Chile), George Boyd (Estados Unidos/Brasil) e Míriam Braga (Brasil) – os dois últimos ministrarão workshops.

Por conta da representatividade dos músicos – todos são ligados a importantes instituições de música –, o grupo escolheu realizar o fórum dentro do encontro internacional. “Achamos que seria muito conveniente”, diz Ribeiro.

Desse modo, o evento ganhou ampliação não só no perfil dos participantes, mas no conteúdo a ser apresentado e debatido com o público externo. Beatrice Berthold, por exemplo, conhece as realidades do Chile e da Alemanha.

Já Fabio Luz trará importante contribuição na discussão e na amplitude dos temas uma vez que é ex-aluno do Conservatório de Tatuí e pianista radicado na Itália há 30 anos. Outro brasileiro, Sergio Gallo, também tem visões diferenciadas, já que mora nos Estados Unidos, sendo professor associado de piano na Universidade Estadual da Georgia, em Atlanta, e integra equipe de artistas da Academia Rocky Ridge Music, em Estes Park, no Colorado.

“Ele conhece a realidade brasileira, inicial da vida dele, de formação. Depois, desenvolveu carreira no exterior, podendo agregar conhecimento”, cita Ribeiro. O assessor pedagógico conta que a intenção é que cada participante do fórum possa dar sua visão sobre como funciona o mercado fora e, em especial, dentro do Brasil.

Daí a necessidade de fixação do tema, pensando-o para o país e a realidade dos jovens pianistas brasileiros. “Os palestrantes conhecem a realidade de fora. É possível que, a partir das experiências que eles tiveram lá, possam trazê-las para cá, para tentarmos buscar soluções pautadas nelas”, destaca Ribeiro.

A amplitude das discussões será garantida com participação de pianistas que atuam em diferentes partes do Brasil e em instituições de renome. Luciana Noda, por exemplo, é titular da Universidade da Paraíba, tendo formação em mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Ela conhece profundamente a realidade do nordeste e do sul. Aliás, está montando um concurso de piano em Porto Alegre”, diz o assessor.

Visões acadêmicas também serão garantidas nas discussões, com participação de Mauricy Martin, da Unicamp (Universidade de Campinas), Nahim Marun e André Rangel, que são professores da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Renato Figueiredo se somará aos debates trazendo experiência como pianista do Coral Paulistano “Mário de Andrade”, o Teatro Municipal de São Paulo. Scheilla Glaser e Antonio Vaz Leme também contribuirão com informações a partir de vivências e suas carreiras profissionais consolidadas.

A primeira leciona piano na EMSP (Escola de Música de São Paulo) e na Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo); o segundo, é pianista solista, instrumentista de música de câmara e acompanhador de cantores, tendo sido o primeiro pianista brasileiro a utilizar inteiramente a internet para divulgar seu trabalho. Ele gravou CD com músicas disponibilizadas gratuitamente.

O responsável pelo planejamento da série de música do Centro Cultural São Paulo, Dante Pignatari, está entre os nomes confirmados para os debates no fórum.

Participarão, também das discussões que acontecerão durante três horas, Carlos Augusto de Souza Lima, diretor dos Recitais Eubiose; e Leonardo Martinelli, compositor, doutorando em música pela Unesp, diretor de formação da Fundação Theatro Municipal de São Paulo e ex-colaborador da revista Concerto.

“Nós reunimos muitas pessoas de diversas áreas, instruções e regiões. E isso é uma oportunidade única que se montou nesse encontro”, destaca o assessor. O fórum em Tatuí é o primeiro nacional – e com participação de estrangeiros –, antecedendo evento regional que deve acontecer no Nordeste.

A dinâmica do fórum consiste na reunião de todos os participantes no palco. Os convidados iniciarão as discussões, de modo a aproveitar a experiência de cada um. Em seguida, eles abrirão para perguntas e farão considerações finais.

Durante as explanações, o público poderá acompanhar os pontos principais por meio de tópicos que serão listados em um computador e projetados em um telão. Os assuntos levantados integrarão um documento que será composto por duas – ou no máximo, três – propostas. “Não posso imaginar mais que isso, porque, senão, começa a ficar algo muito grandioso”, relata o assessor.

A intenção do fórum é que as sugestões a serem elencadas no documento possam resultar em ações “mais objetivas” e de modo que possam ser utilizadas como base de trabalho por todas as entidades que contarão com representantes.

“Mais que isso, queremos que o documento possa ser levado pelo Brasil afora, para contemplar a formação do jovem pianista e o mercado de trabalho”, diz Ribeiro.

Um dos assuntos que devem ser apresentados pelo assessor é a possibilidade da criação de um circuito, uma espécie de rede formada por instituições. A intenção é permitir que os jovens músicos possam percorrer essas entidades em apresentações em formato de intercâmbio, concursos ou concertos.

“Essa é uma ação concreta, de custo baixo e que pode fazer diferença. A partir do momento que ela se estabeleça, que consigamos amarrar isso com as regiões aqui representadas, teremos um fluxo de pessoas indo e vindo”, explicita.

O documento será publicado na revista Ensaio e em demais publicações vinculadas às instituições que terão representantes no fórum. A intenção do grupo é de que o material possa provocar algum tipo de ação em todas as regiões do país.

O ponto de partida será o Fórum Nacional de Pianistas, que terá edições futuras. Tatuí é “grande candidata” a receber o evento em 2015, por conta do Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira “Spartaco Rossi”, do Conservatório.

“Nessa ocasião, novamente, teremos oportunidade de contar com vários pianistas, professores e alunos. Parece-me outro momento adequado”, cita Ribeiro.

Independentemente do local, o assessor diz que o principal ganho é a contribuição para o movimento de valorização do estudo do piano no Brasil.

Outra vantagem é a interligação entre as instituições de formação do pianista. “O que se vê é que as entidades, por diversas razões, não se conversam. Elas vivem seus próprios mundos e realidades muito duras. Acho que, se conseguirmos começar que uma dialogue com a outra já será auspicioso”, diz.

Além do mercado, Ribeiro ressalta que a discussão da formação é importante como ferramenta de norteamento para os jovens pianistas. Segundo ele, muitos concluem os estudos, deixam se de especializar em determinadas áreas, como pianista de câmara, pianista solista, ou até mesmo docente.

“Quando o aluno começa a estudar, o sonho é difuso. Curiosamente, o mercado é restrito no Brasil, mas dentro dessa restrição, há uma amplidão”, conclui.

O fórum acontece no teatro “Procópio Ferreira”, com participação de inscritos no VII Encontro Internacional de Pianistas. O início será a partir das 10h.
SERVIÇO
1º FÓRUM NACIONAL DE PIANISTAS
Quinta-feira . dia 09 . 10h
Teatro “Procópio Ferreira”
Rua São Bento, 415 – Centro
Entrada franca
Informações: 15 3205-8444

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