sábado, 23 de fevereiro de 2019

poesia | Tácito Mota

TREM DE RAMAL

JOTA NIL 
(Tácito Silveira da Mota)

Alguém na gare do brado forte alteia!
"Lá vem ele", repete a multidão
apressada. E tal como um rio na cheia,
se escoa a massa humana em confusão.

Alvoroço, atropelo. A mole ondeia
entre pacotes, malas, um colchão!
E o trem de ferro, lerdo, se aperreia
num baque surdo, junto à estação.

Despedidas vulgares. Empurrado...
Alguém pragueja rijo. Ouve-se um grito!
E depois... um silêncio emocionado.

Alguns cabritos saltam o barranco.
Um estrídulo e prolongado apito,
e o comboio estraleja num arranco.



Agosto de 1948

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