sábado, 29 de abril de 2017

Garçom fabrica violão de papel inspirado na mãe e surpreende profissionais do Conservatório de Tatuí: 'Gratidão'

Henrique Pinto se formou em luteria no Conservatório e diz que o instrumento é o único do mundo. 'Eu sempre acreditei', afirma.
G1 Itapetininga e Região


Foi com papel pardo, usado para saco de pães, que o garçom Henrique Pinto, de 33 anos, fabricou um violão com sonoridade e aparência iguais aos fabricados com madeira durante o curso de luteria no Conservatório de Tatuí. O instrumento surpreendeu os professores da instituição, já que tem laterais, fundo e tampo feitos com papel, e apenas o braço com madeira.

“É um violão normal para aluno e para estudante. Ele está excelente. Tem o som melhor que alguns instrumentos que nós temos na escola para você ter uma ideia. E a construção que ele fez também é uma coisa que surpreendeu bastante. Ele foi pegando dicas com cada professor, foi assimilando e pondo em prática”, afirma o professor de luteria Edson Lopes.

Henrique afirma que a criação foi para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em 2016, mas a inspiração foi sua mãe. Aos 13 anos, ele tocava surdo, tambor cilíndrico com som grave, em um grupo de percussão de Limeira (SP). Porém, tinha dores devido ao peso do instrumento. Foi então que sua mãe teve a ideia de criar um surdo de papel.

“Eu tocava um surdo de 24 polegadas. Como era muito pesado me dava dor nas costas, eu tinha estatura baixa. E como minha mãe trabalhava com artesanato, era professora de arte, o conhecimento de papel já vinha de muitos anos, ela falou que iria fazer um instrumento de papel. Daí ela fez o instrumento. Ela desenvolveu esse surdo, fez a carcaça de papel. E resolveu muito minhas dores e o som ficou muito interessante. De lá pra cá eu sempre fiquei falando para ela fazer o instrumento de papel, eu sempre acreditei”, conta.

A ideia da mãe deixou o rapaz intrigado e, depois de anos dedicados ao estudo da música em São Paulo, ele entrou em 2013 no Conservatório de Tatuí para o curso de luteria, que é a fabricação de instrumentos de madeira. Durante o curso, em 2015, ele conta que voltou a ter a ideia de construir instrumentos de papel. Foram dois anos de trabalho.

“Eu sempre perguntava para os professores, fazia perguntas paralelas que deixava os professores malucos. Perguntava: ‘Essa madeira dá certo, porque dá certo? Por que não dá certo?’. Explorava para eu entender. A minha proposta era fazer um instrumento de papel”, diz.


Aluno do Conservatório de Tatuí cria violão usando apenas papel

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