Por Wilson Gonçalves Jr, Moniele Nogueira, TV TEM, com edição do DT
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Acidente aéreo Boituva: relatório do Cenipa sobre acidente que matou dois é finalizado |
04/08/2025 19h26 | O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aponta que o uso inadequado da alavanca de combustível e a falta de manutenção nos cintos de segurança contribuíram para o acidente aéreo de Boituva, em 2022, que provocou a morte de dois paraquedistas.
André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38, morreram na queda da aeronave. Outras nove pessoas ficaram feridas, cinco delas com lesões graves - incluindo o piloto. O avião transportava 16 pessoas na ocasião.
No relatório, ao qual a TV TEM teve acesso, o Cenipa relaciona a pane do motor do avião ao uso incorreto da alavanca que controla o combustível e a potência da aeronave, chamada de EPL.
Em desacordo com fabricante
Conforme a investigação do órgão, o dispositivo EPL ainda era utilizado frequentemente em treinamentos pela empresa proprietária da aeronave, em desacordo com a orientação do fabricante, que prevê a utilização apenas em situações de emergência.
Com base no relatório, o perito Robeto Peterka, especialista em segurança área, afirmou à TV TEM que os danos no motor podem ter sido causados pelo uso deficiente do dispositivo que controla a quantidade de combustível no motor, resultando numa potência excessiva.
"(O combustível) é uma mistura rica, que causa explosão, levando à degradação do motor, como mostram fotos do relatório. Os pedaços atingiram o escapamento da aeronave", explica o perito.
Logo depois de decolar do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) de Boituva, em 11 de maio de 2022, o Cessna 208 Caravan teve uma pane no motor, que pegou fogo, e começou a perder altitude. Ele estava a 350 metros de altitude, conforme o relatório do Cenipa.
O piloto tentou voltar ao aeródromo, mas o avião não tinha força nem altitude suficientes. Ele fez um pouso de emergência em um terreno na zona rural da cidade, percorrendo 200 metros em 7 segundos.
A aeronave tocou o solo três vezes - na última, bateu em um barranco ao lado de uma estrada de terra e capotou. A velocidade estimada pelo Cenipa foi de 102 km/h.
Para a investigação, técnicos do Cenipa visitaram o local do acidente, analisaram a aeronave e assistiram às gravações de câmeras nos capacetes dos paraquedistas. O relatório tem 40 páginas.
Ao bater e capotar, os passageiros foram arremessados para fora da aeronave. O Cenipa aponta, no relatório, que a corrosão nos suportes foi a causa para que a grande quantidade de cintos se soltassem na colisão.
Conforme o Cenipa, a manutenção não foi eficaz para assegurar a integridade e a confiabilidade dos materiais, tendo esses itens contribuído para a lesões sofridas pelos paraquedistas durante o pouso de emergência.
"O relatório mostra que as fivelas dos cintos foram arrancadas do suporte e a pessoa ficou livre, tanto que foi arremessado pelo para-brisa do avião. Os cintos não poderiam ter soltado em situação assim", afirmou o perito, em entrevista à TV TEM.
Vítimas
Na queda da aeronave, dois paraquedistas morreram: André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38.
André era funcionário da área de tecnologia da TV Globo e dirigia filmes. Era também um paraquedista experiente. Em 2017, ele lançou seu primeiro longa-metragem, o filme "Crime da Gávea".
Wilson, também conhecido como Juninho Skydive, era profissional do esporte e instrutor de salto.
Outras cinco pessoas tiveram lesões graves, entre elas o paraquedista Lucas Marques. Quatro tiveram ferimentos leves, e cinco não se machucaram.
Sem caráter criminal
O relatório do Cenipa não tem caráter criminal. Ele levanta as causas e as hipóteses do acidente para prevenção na área de aviação.
"O que o relatório considera é que houve uma deficiente operação do avião", destaca o perito Roberto Peterka.
"Houve cultura de permitir que os pilotos contrariassem a orientação do fabricante quanto ao manuseio do EPL. Poderia ter um processo de manutenção mais restritivo, tendo em vista que em Boituva, exige-se muito do avião, e o cinto de segurança tem grande probabilidade de evitar as mortes. Ele foi feito para isso", declara o especialista em segurança aérea.
A Polícia Civil informou que ouviu testemunhas e analisou os laudos periciais. Agora, é feita uma análise do laudo do Cenipa para que o inquérito seja enviado ao Ministério Público.
A empresa Sky Dive For Fun, que era dona do avião, informou que o inquérito está sob segredo de Justiça em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e que, por isso, não pode comentar o caso.
André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38, morreram na queda da aeronave. Outras nove pessoas ficaram feridas, cinco delas com lesões graves - incluindo o piloto. O avião transportava 16 pessoas na ocasião.
No relatório, ao qual a TV TEM teve acesso, o Cenipa relaciona a pane do motor do avião ao uso incorreto da alavanca que controla o combustível e a potência da aeronave, chamada de EPL.
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Avião com paraquedistas capotou ao fazer pouso de emergência após pane no motor, em Boituva (SP), em 11 de maio de 2022: duas pessoas morreram na ocasião — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação |
Em desacordo com fabricante
Conforme a investigação do órgão, o dispositivo EPL ainda era utilizado frequentemente em treinamentos pela empresa proprietária da aeronave, em desacordo com a orientação do fabricante, que prevê a utilização apenas em situações de emergência.
Com base no relatório, o perito Robeto Peterka, especialista em segurança área, afirmou à TV TEM que os danos no motor podem ter sido causados pelo uso deficiente do dispositivo que controla a quantidade de combustível no motor, resultando numa potência excessiva.
"(O combustível) é uma mistura rica, que causa explosão, levando à degradação do motor, como mostram fotos do relatório. Os pedaços atingiram o escapamento da aeronave", explica o perito.
Logo depois de decolar do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) de Boituva, em 11 de maio de 2022, o Cessna 208 Caravan teve uma pane no motor, que pegou fogo, e começou a perder altitude. Ele estava a 350 metros de altitude, conforme o relatório do Cenipa.
O piloto tentou voltar ao aeródromo, mas o avião não tinha força nem altitude suficientes. Ele fez um pouso de emergência em um terreno na zona rural da cidade, percorrendo 200 metros em 7 segundos.
A aeronave tocou o solo três vezes - na última, bateu em um barranco ao lado de uma estrada de terra e capotou. A velocidade estimada pelo Cenipa foi de 102 km/h.
Para a investigação, técnicos do Cenipa visitaram o local do acidente, analisaram a aeronave e assistiram às gravações de câmeras nos capacetes dos paraquedistas. O relatório tem 40 páginas.
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Para elaborar o relatório, técnicos do Cenipa utilizaram também imagens das câmeras dos capacetes dos paraquedistas, durante o acidente, que vitimou duas pessoas, em 11 de maio de 2022, em Boituva (SP) — Foto: TV TEM/Reprodução |
Ao bater e capotar, os passageiros foram arremessados para fora da aeronave. O Cenipa aponta, no relatório, que a corrosão nos suportes foi a causa para que a grande quantidade de cintos se soltassem na colisão.
Conforme o Cenipa, a manutenção não foi eficaz para assegurar a integridade e a confiabilidade dos materiais, tendo esses itens contribuído para a lesões sofridas pelos paraquedistas durante o pouso de emergência.
"O relatório mostra que as fivelas dos cintos foram arrancadas do suporte e a pessoa ficou livre, tanto que foi arremessado pelo para-brisa do avião. Os cintos não poderiam ter soltado em situação assim", afirmou o perito, em entrevista à TV TEM.
Vítimas
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André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38, morreram na queda de avião com paraquedistas, em 11 de maio de 2022, em Boituva (SP) — Foto: Fotos: Arquivo pessoal |
Na queda da aeronave, dois paraquedistas morreram: André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38.
André era funcionário da área de tecnologia da TV Globo e dirigia filmes. Era também um paraquedista experiente. Em 2017, ele lançou seu primeiro longa-metragem, o filme "Crime da Gávea".
Wilson, também conhecido como Juninho Skydive, era profissional do esporte e instrutor de salto.
Outras cinco pessoas tiveram lesões graves, entre elas o paraquedista Lucas Marques. Quatro tiveram ferimentos leves, e cinco não se machucaram.
Sem caráter criminal
O relatório do Cenipa não tem caráter criminal. Ele levanta as causas e as hipóteses do acidente para prevenção na área de aviação.
"O que o relatório considera é que houve uma deficiente operação do avião", destaca o perito Roberto Peterka.
"Houve cultura de permitir que os pilotos contrariassem a orientação do fabricante quanto ao manuseio do EPL. Poderia ter um processo de manutenção mais restritivo, tendo em vista que em Boituva, exige-se muito do avião, e o cinto de segurança tem grande probabilidade de evitar as mortes. Ele foi feito para isso", declara o especialista em segurança aérea.
A Polícia Civil informou que ouviu testemunhas e analisou os laudos periciais. Agora, é feita uma análise do laudo do Cenipa para que o inquérito seja enviado ao Ministério Público.
A empresa Sky Dive For Fun, que era dona do avião, informou que o inquérito está sob segredo de Justiça em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e que, por isso, não pode comentar o caso.
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