sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Santa Casa estuda a criação de convênio

‘Serviço será o próximo desafio da administração do hospital’, adiantou vice-provedor

Quase dois meses após o fim da intervenção municipal – iniciada em outubro de 2008 pela Prefeitura e encerrada em maio deste ano –, a Santa Casa já dá sinais de que consegue caminhar de maneira autônoma. Com a saúde financeira em dia, o único hospital do município estuda a possibilidade de oferecer à população um convênio de saúde próprio. A notícia foi confirmada com exclusividade à reportagem de O Progresso pelo vice-provedor Antônio Marcos de Abreu.

O convênio, segundo ele, garantiria atendimento prioritário a pacientes que necessitarem de avaliação de um clínico geral. A proposta, no entanto, está sob avaliação. “O serviço será o próximo desafio da administração do hospital”, disse. Num primeiro momento, Abreu informou que a provedoria está “acertando a documentação do hospital”. “Para que isso aconteça (a criação de um convênio particular), é preciso cumprirmos uma série de exigências”, descreveu.

De acordo com o vice-provedor, o primeiro passo na direção da implantação do serviço já foi dado. A provedoria providenciou, ainda neste semestre, a retirada de todas as CNDs (certidões negativas de débitos) do hospital. “Nós também parcelamos todas as dívidas que tínhamos pendentes”, adicionou. Entre elas, as contas de fornecimento de energia elétrica e de água e esgoto.

A administração promoveu, ainda, renegociações de dívidas trabalhistas, contraídas nas administrações anteriores. “Primeiro, vamos acertar as contas; depois, verificar como faremos para implantar um convênio”, comentou.

Além de equalizar a questão financeira, o hospital deve ter o projeto aprovado pela ANS (Agência Nacional de Saúde) para colocá-lo em prática. “Até que isso aconteça, nós vamos fazer um levantamento de todas as dívidas em protesto em cartórios que, por acaso, o hospital ainda tiver”, disse Abreu.

Caso não consiga obter os papeis necessários para a criação de um convênio de saúde próprio, a provedoria tem um plano B. “Estamos verificando com a Santa Casa de Sorocaba, que já possui um convênio, a possibilidade de trazermos um braço do serviço deles para Tatuí”, comentou o vice-provedor. As conversas, segundo ele, ainda estão em fase inicial. “Estamos estudando, não tem nada concreto”, frisou Abreu. A proposta da parceria, segundo ele, partiu da administração do hospital sorocabano.

A primeira opção da Santa Casa, no entanto, é oferecer um serviço próprio. Para isso, haveria necessidade de investimento. “A ideia é fazer um pronto-atendimento dentro do hospital”, adiantou Abreu. Segundo ele, os conveniados seriam atendidos em espaço exclusivo e internados imediatamente, caso necessitassem. “Em princípio, serão oferecidas consultas com clínico geral. Depois, nós abriríamos para as especialidades”, disse.

O vice-provedor anunciou, além da possibilidade do convênio, a inscrição da Santa Casa em programas do governo federal. A intenção é obter verbas da União para a ampliação da estrutura do hospital.

“Estamos fazendo o cadastro para melhorarmos o nosso atendimento. A criação de um convênio é um sonho que pretendemos fazer com calma, com o pé no chão. Estamos verificando todos os detalhes, para não darmos um tiro no próprio pé”, justificou.

O projeto do convênio, conforme Abreu, tornou-se viável a partir da estabilização das finanças da Santa Casa. “Nós só idealizamos isso porque estamos conseguindo sanar as dívidas. Viemos de um trabalho longo e que, graças a Deus, está nos ajudando a fechar as contas com superávit”, destacou.

O vice-provedor disse que a colaboração da população tem sido essencial para que o hospital possa equilibrar seus gastos e, mais adiante, criar um convênio de saúde próprio. “Sem dúvida nenhuma, o povo de Tatuí e região é parte fundamental nisso. Só com recursos próprios isso seria impossível, até porque a Santa Casa é uma entidade filantrópica”, argumentou.

De acordo com ele, mais de 80% dos pacientes que passam pelo hospital são do SUS (Sistema Único de Saúde), o que seria inviável sem apoio financeiro e de doações de materiais, alimentos, equipamentos e de repasses. “Se não tivéssemos apoio, não teríamos como administrar”, concluiu.


Do jornal O Progresso de Tatuí, edição 5541, de 10.11.2011

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