segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Gui Silveiras e a musicalidade africana

A cultura afro predomina na nova fase criativa do cantor, compositor e músico rio-pretense que mora em Tatuí há cerca de dez anos

Harlen Félix, no Diário da Região, com edição do DT

Davi Guedes/Divulgação
O cantor, músico e compositor Gui Silveiras tem se dedicado aos festivais de MPB de forma mais intensa

27/10/2019 | A musicalidade africana predomina na nova fase criativa do cantor, compositor e músico Gui Silveiras, rio-pretense que mora há cerca de dez anos em Tatuí, onde fez sua graduação acadêmica na área musical. A pegada jazzística que marca "Caburé", seu álbum de estreia, lançado em 2013, dá agora lugar para a força e a energia da percussão.

Em entrevista ao Diário da Região, de São José do Rio Preto, por telefone, ele contou um pouco sobre o projeto que pretende lançar no próximo ano, envolvendo duas canções inéditas de sua autoria e duas regravações. Uma das novidades desse novo trabalho é que ele vem ancorado pelo vídeo. "Passei boa parte de 2019 envolvido na produção desse projeto. Serão quatro vídeos e quatro músicas, todas elas gravadas ao vivo em estúdio, com dois músicos que já são meus parceiros há um bom tempo [o baterista Tiago Mecatti e o percussionista Barba Marques]", conta.

O projeto ainda não tem nome. "Talvez 'Bate Tambor', que é o nome de uma das músicas inéditas", sinaliza. "É um trabalho totalmente focado na cultura afro. Entre as referências, há pontos de terreiro, tambores do candomblé e essa mística ancestral dos orixás", explica Silveiras. Além de suas duas canções autorais, ele regravou "Deixa a gira girar", do grupo baiano Os Tincoãs, que marcou a cena musical brasileira nas décadas de 1960 e 70. "Também pretendo gravar um ponto de Oxum ou de Ogum, que são os orixás regentes deste ano."

A opção por lançar singles ao invés de um álbum cheio não se deve apenas a questões financeiras, mas a uma tendência que predomina no mercado musical atualmente. "As informações se processam de uma forma tão veloz atualmente que as pessoas não têm muito tempo para apreciar um disco inteiro. É uma característica forte da maneira como as pessoas ouvem música hoje. Um single consegue ter mais repercussão do que um álbum. Hoje em dia, nem aparelho para rodar um CD as pessoas têm. Isso mexeu muito com as estratégias de produção de um artista", opina Silveiras.
Pelos festivais

Outra experiência nova na carreira de Silveiras tem sido a participação em festivais de MPB pelo Brasil, o que se intensificou nos últimos dois anos, e, claro, tem rendido bons frutos. O ano passado, por exemplo, foi marcado por diversos prêmios para "Caburé", a música que fecha o álbum de mesmo nome lançado por ele em 2013. E essa trajetória premiada teve início justamente em Rio Preto, no FEM - Festival Nacional de MPB "Vinícius Nucci Cucolicchio", em que "Caburé" conquistou o segundo lugar em 2018. 

"Mandei 'Caburé' despretensiosamente para o FEM e fui selecionado. Logo depois, conquistei o quinto lugar com ela em Ilha Solteira e melhor letra no Prêmio Lollo Terra, em São Miguel Arcanjo", conta. "Foi muito estimulante e hoje estou determinado a participar cada vez mais desse circuito de festivais, apesar das ressalvas que faço sobre essa questão da competitividade. É complicado avaliar uma criação artística. No entanto, é uma forma de conhecer outras pessoas, outros tipos de música."

Já 2019 tem sido o ano de "Ilá de Mim", música que tem letra de Valéria Pisauro, de Campinas, e melodia de Silveiras. Conquistou o quinto lugar no festival de Passa Quatro (MG) e o segundo no FEMA - Festival da Música Autoral de Araraquara, seguindo agora para Ilha Solteira, que abriga um dos mais antigos eventos do gênero no País.

Curiosamente, os festivais andam tão intensos na agenda de Silveiras que ele esteve presente, de certa forma, até mesmo na edição cinquentenária do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto. É de autoria do rio-pretense a música que marcou a vinheta do evento este ano. "Sempre fui ligado ao universo acústico, e essa experiência me permitiu explorar o lado mais sintético da música. Foi uma experiência ótima, uma forma diferente de compor", conta ele, que recebeu convite da equipe da Visú Filmes, produtora contratada do FIT Rio Preto.

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