quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Funcionários da Ford no ABC fazem última assembleia antes do fechamento da fábrica

A fábrica em Camaçari, na Bahia, assim como as unidades menores mantidas em Tatuí, onde há pista de testes, e Taubaté, fábrica de motores, continuarão ativas.

Por Vanessa Selicani - Metro ABC, com edição do DT

Funcionários da Ford realizaram a última assembleia nesta terça - Ari Paleta/Metro

29/10/2019 | Os metalúrgicos da Ford de São Bernardo, na Grande São Paulo, realizaram nesta terça-feira (29) sua última assembleia em frente à fábrica no Taboão. A notícia era a pior possível desde que a montadora anunciou a intenção de sair da cidade, em fevereiro: a produção se encerra oficialmente nesta quarta. Ainda havia esperança, alimentada com auxílio do governo do estado, de que a Caoa adquirisse a estrutura para continuar a montar veículos. Mas ainda falta para a empresa nacional o mais importante para finalizar a transação: dinheiro.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a verba poderia vir do BNDES, mas o governo federal não deu aval até agora.

Na assembleia, discursos emocionados de quem participou das negociações na fábrica que estava há 52 anos em São Bernardo. “Nossa última reunião com o RH para acertar detalhes dos desligamentos teve muito choro no final também. Pedimos desculpas por qualquer coisa e a luta continua, companheiros”, discursou o diretor do sindicato e coordenador da Comissão de Fábrica na Ford, Adauto Oliveira, o Sapinho.

Entre os metalúrgicos presentes, um silêncio bem diferente da movimentação desde fevereiro, quando a categoria ocupava as ruas da cidade com cartazes e reivindicações.

Mas na fala de muitos deles, a palavra esperança ainda se faz presente. “A gente acredita na vinda da Caoa”, conta Ana Paula Cardoso, 34 anos, que trabalha na linha de montagem há 11anos com o marido.

No fim de julho, a Ford já havia encerrado a produção do modelo New Fiesta, único carro ainda fabricado em São Bernardo, que resultou na demissão dos primeiros 1.200 trabalhadores. Restavam 600 metalúrgicos que produziam caminhões e encerram a atividade. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, serão desligados 100 funcionários por dia até o próximo mês.

Os cerca de 1.000 trabalhadores da área administrativa serão mantidos, mas em março serão transferidos para escritório na Vila Olímpia, na capital, diz a entidade.

A Ford confirmou em nota que encerra hoje a produção em São Bernardo, quando também se manifestará sobre o tema. A montadora americana já havia justificado o fechamento como uma decisão global de não fabricar mais caminhões na América do Sul. A fábrica em Camaçari, na Bahia, que produz 250 mil veículos por ano, continuará ativa. Assim como as unidades menores mantidas em Tatuí, onde há pista de testes, e Taubaté, fábrica de motores, ambas no estado de São Paulo.

A Caoa, que em setembro anunciou estar em fase de análise das informação para a compra da estrutura, disse não ter novidades sobre o tema. O BNDES não se manifestou sobre a concessão do empréstimo.

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