O Estado de S.Paulo
A gama estilística do pianista André Marques tem muito da "música livre" de Hermeto Pascoal, como ele próprio naturalmente reconhece. Integrante da banda do "bruxo", Marques conta com a participação do mestre no segundo CD com a big band Vintena Brasileira, Labirinto, que tem show de lançamento hoje no Sesc Pompeia. Haja Coração, a faixa em que Hermeto Pascoal toca, é a única que não tem a assinatura de Marques. Os arranjos também foram todos concebidos por ele praticamente na hora de gravar com todos os 23 músicos (incluindo Marques) tocando juntos no estúdio.
Com faixas longas, propícias para cada instrumentista mostrar suas grandes habilidades, Labirinto traz mais improvisações do que o primeiro álbum do grupo, De Baque às Avessas, e mantém alguns elementos sonoros e ritmos regionais, que deram origem ao projeto, como frevo, maracatu, caboclinho, baião, além de elementos do jazz e da música de concerto.
Formado por 22 músicos do Conservatório Musical de Tatuí (interior de São Paulo), o grupo surgiu de uma oficina de ritmos brasileiros criada por Marques em 2003. "Nem havia a intenção de virar um grupo. Procuramos não ficar presos a isso, mas mantivemos sempre essa coisa da pesquisa, que eu mesmo tenho na minha música, com outros grupos", diz o pianista, compositor e arranjador. "Talvez essa sonoridade tenha sido mais planejada no primeiro CD, principalmente porque o repertório começou um pouco naquela oficina. Neste segundo, a gente acabou tendo bastante disso também, mas de maneira mais natural."
A formação atual do grupo está ligeiramente diferente do primeiro, mas foram poucos os instrumentistas que saíram. "Sempre que muda a formação, procuro músicos que tenham alguma ligação com esse tipo de música, com essa linguagem, com essa concepção", explica Marques. "Claro que muda um pouco, cada um é cada um, mas acredito que a essência se mantém."
Sobre a influência de Hermeto Pascoal (que não participa do show), Marques reconhece que isso vem mais pela convivência com o mestre do que pela determinação de seguir seu estilo. "Considero Hermeto como minha escola musical verdadeira, por estes anos todos que tenho estado ao lado dele, principalmente no começo. Então, por isso, com certeza tem bastante coisa da música dele no que faço. Mas também não foi nada planejado." Tanto o que Hermeto como o que Marques faz é o que Marques chama de "música universal", difícil de se classificar.
Para quem se dispõe a dedicar-se à apreciação de detalhes, Labirinto é farto de sentido inventivo e imprevisibilidade. Agora, como o próprio Marques admite, melhor do que ouvir o CD talvez seja ver o grupo reunido ao vivo, esbanjando vigor e criatividade. / L.L.G.
A gama estilística do pianista André Marques tem muito da "música livre" de Hermeto Pascoal, como ele próprio naturalmente reconhece. Integrante da banda do "bruxo", Marques conta com a participação do mestre no segundo CD com a big band Vintena Brasileira, Labirinto, que tem show de lançamento hoje no Sesc Pompeia. Haja Coração, a faixa em que Hermeto Pascoal toca, é a única que não tem a assinatura de Marques. Os arranjos também foram todos concebidos por ele praticamente na hora de gravar com todos os 23 músicos (incluindo Marques) tocando juntos no estúdio.
Com faixas longas, propícias para cada instrumentista mostrar suas grandes habilidades, Labirinto traz mais improvisações do que o primeiro álbum do grupo, De Baque às Avessas, e mantém alguns elementos sonoros e ritmos regionais, que deram origem ao projeto, como frevo, maracatu, caboclinho, baião, além de elementos do jazz e da música de concerto.
Formado por 22 músicos do Conservatório Musical de Tatuí (interior de São Paulo), o grupo surgiu de uma oficina de ritmos brasileiros criada por Marques em 2003. "Nem havia a intenção de virar um grupo. Procuramos não ficar presos a isso, mas mantivemos sempre essa coisa da pesquisa, que eu mesmo tenho na minha música, com outros grupos", diz o pianista, compositor e arranjador. "Talvez essa sonoridade tenha sido mais planejada no primeiro CD, principalmente porque o repertório começou um pouco naquela oficina. Neste segundo, a gente acabou tendo bastante disso também, mas de maneira mais natural."
A formação atual do grupo está ligeiramente diferente do primeiro, mas foram poucos os instrumentistas que saíram. "Sempre que muda a formação, procuro músicos que tenham alguma ligação com esse tipo de música, com essa linguagem, com essa concepção", explica Marques. "Claro que muda um pouco, cada um é cada um, mas acredito que a essência se mantém."
Sobre a influência de Hermeto Pascoal (que não participa do show), Marques reconhece que isso vem mais pela convivência com o mestre do que pela determinação de seguir seu estilo. "Considero Hermeto como minha escola musical verdadeira, por estes anos todos que tenho estado ao lado dele, principalmente no começo. Então, por isso, com certeza tem bastante coisa da música dele no que faço. Mas também não foi nada planejado." Tanto o que Hermeto como o que Marques faz é o que Marques chama de "música universal", difícil de se classificar.
Para quem se dispõe a dedicar-se à apreciação de detalhes, Labirinto é farto de sentido inventivo e imprevisibilidade. Agora, como o próprio Marques admite, melhor do que ouvir o CD talvez seja ver o grupo reunido ao vivo, esbanjando vigor e criatividade. / L.L.G.