sábado, 19 de agosto de 2017

Flor de Aguapé canta músicas de seu primeiro disco no Sesc

Beto Carlomagno

Dani Gurgel/Divulgação
Quarteto apresenta músicas do primeiro CD e clássicos do gênero

DIÁRIO DA REGIÃO - A paixão pela música brasileira, em especial o choro cantado, une o quarteto de Ribeirão Preto Jacque Falcheti (voz), Leonardo Freitas (piano), Ricardo Perez (pandeiro) e Alexandre Peres (cavaco), o grupo Flor de Aguapé, que se apresentou na quinta-feira, 17, na comedoria do Sesc Rio Preto como parte do Projeto Sonora.

A apresentação faz parte da turnê de lançamento do primeiro álbum do grupo, autointitulado, divulgado agora em junho na cidade natal dos integrantes da banda. Mas o show vai além, incluindo canções dos projetos anteriores do Flor de Aguapé, que são dois shows especiais, um de clássicos do choro cantado e um feito todo em homenagem a Pixinguinha. “Mas o centro do show é o lançamento do disco”, conta Jacque em entrevista ao jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto.

A ideia para o projeto surgiu depois que a banda passou por esse período de shows em homenagem aos clássicos. O álbum é resultado do desejo de pesquisar músicas que estavam sendo compostas naquele momento por jovens escritores e músicos conhecidos do grupo.

“Queríamos choros inéditos. Entramos em contato com compositores e amigos músicos para encontrar esse novo repertório. E, desde o início, a ideia era fazer esse projeto com compositores da nossa região, do interior de São Paulo, para fomentar ainda mais esse meio”, revela Jacque.

Entre esses compositores que integraram o disco, há dois nomes de Rio Preto. Zeca Barreto e Gui Silveiras foram os responsáveis pela música Zarabatana. “Eu e o Alexandre somos amigos do Gui do Conservatório de Tatuí. Sempre gostei muito do trabalho dele e de sua forma de compor. Quando estávamos terminando de selecionar as músicas, a gente queria alguma coisa um pouco diferente para fechar. Então pedi para ele. Por coincidência ele disse que estava terminando de compor um choro e que um parceiro dele estava fazendo a letra. Disse ainda que nos mandaria a música assim que terminassem. Quando ele enviou, escutamos pela primeira vez e já sabíamos que ia entrar no disco.”

A pesquisa intensa também foi fundamental para a união da banda. Eles ensaiavam de duas a três vezes por semana buscando nas músicas encontradas pontos que representassem alguma ligação com o grupo, explica a vocalista. “Cada um tem a sua identidade, cada pessoa do grupo tem outros projetos, então buscávamos algo que fosse único. Não sei nem como foi que o projeto se deu, mas acho que foi nesse processo de encontro intenso.”

Além disso, o grupo tinha um critério que deveria ser atendido por todas as canções que entrariam no projeto: música e poesia deveriam apresentar uma ligação forte. “Uma das grandes críticas ao choro cantado é que, às vezes, há essa desconexão entre letra e melodia. Então, nossa preocupação era essa. Como fazer isso fluente, escolher músicas em que a poesia e as melodias iam de encontro uma com a outra. Tudo em prol da música”, diz Jacque.

Outra grande preocupação para o projeto era conseguir criar um trabalho que fosse abrangente quanto aos muitos ritmos que transitam pelo choro. “A gente ansiava, mas achamos que nem conseguiríamos colocar ritmos diferentes. O choro é a maneira de tocar, mas ele abarca diversos gêneros. Então, dentro do nosso CD, tem maxixe, valsa, samba, choro canção, muita coisa, diversos ritmos. Isso era algo que a gente priorizava desde o início, colocar coisas diferentes”, afirma Jacque.

A intenção sempre foi trazer para o projeto um equilíbrio entre o que há de novo e o universo tradicional do gênero, fazendo referência a músicos contemporâneos, compositores que inspiraram todo o trabalho do quarteto, sem deixar de reverenciar os mestres do passado.

“O que a gente busca, e que é algo meio natural, é respeitar o meio da linguagem do choro, suas características maiores. Mas cada um de nós vai permeando para outros lugares, ouve muitas outras coisas que acabam influenciando no arranjo e na criação. Isso dá um ar de contemporâneo para o trabalho, um ar de algo novo que vai se mostrando aos poucos ao mesmo tempo em que respeita o nosso estudo e a linguagem do choro”, pontua a vocalista.

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