sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Falta de dinheiro ameaça entidades sociais na região de Tatuí

Funcionários das Apaes de Boituva e Tatuí alegam falta de repasses.
Prefeitura de Tatuí diz que houve atraso nas verbas do governo federal.


Do G1 Itapetininga e Região

As unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Boituva, Itapetininga e Tatuí (SP) podem fechar devido à falta de verbas repassadas pelas prefeituras, segundo os responsáveis pelas Organizações Não Governamentais (ONG’s). De acordo com os funcionários, o atraso de repasses tem impossibilitado o acolhimento de novos usuários e prejudicado a qualidade de atendimento dos beneficiários.

Em nota, a prefeitura de Tatuí alega atraso nas verbas recebidas do governo federal. O Executivo de Itapetininga garante que as contas estão em dia. Já de acordo com a administração municipal de Boituva, R$ 301 mil foram repassados para a Apae. A TV TEM procurou o governo estadual e federal para comentar sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação (Confira o posicionamento oficial de cada órgão, na íntegra, abaixo).

O presidente da Apae de Boituva Antônio Carlos Martins conta que os pais dos usuários decidiram se unir para salvar a instituição, que atende 84 pessoas. Para ele, a maior dificuldade é manter os funcionários sem a verba.

“A entidade não cobra. Ela aceita doações. Tanto que nós abrimos a situação para os pais na última gestão, e tivemos uma adesão de 90% dos pais. O que pesa mais é a questão dos funcionários e encargos sociais. Na realidade, a folha de pagamento gera um recurso muito grande pela demanda e necessidade de uma equipe capacitada. A exigência do governo Federal e Estadual para que eles trabalhem em entidades assim gera um custo muito alto. O nosso maior problema é folha de pagamento”, completa.

Apae's dizem sofrer crise econômica e que
podem fechar (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Em Tatuí, o diretor administrativo da Apae Luiz Fernando Bagranolo afirma que os repasses do governo estadual estão atrasados há cinco anos. Segundo ele, a manutenção do local custa R$ 50 mil por mês, já que atende 240 pessoas e possuí 60 funcionários. “A parte de recursos humanos, financeiro e administrativo o convênio não cobre. Temos esse custo, sem contar com a manutenção do prédio. Mais a parte externa, que custeada pela Apae. Por isso, fazemos bingos e outras ações”, explica.

A gerente de projetos da ONG, Rita de Cássia Ramos, teme que a unidade seja fechada em Tatuí. “Não dá para suprir a qualidade de atendimento que a pessoa com deficiência merece. Ela precisa, principalmente em uma instituição especializada como a Apae, ter suporte terapêutico, trabalhar o serviço social e possuir infraestrutura de trabalho. Sem financiamento não é possível atender novas pessoas. Estamos tentando sensibilizar o poder público”, pondera.

Entidades em Tatuí e Boituva sofrem com a
falta de dinheiro (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Mães de alunos integrantes da Apae, a contadora Lidiane Cardozo e a dona de casa Fábia Regina Baldoino pedem pelo auxílio das entidades públicas e empresas privadas.

“Este ano foi passada a verdadeira situação da Apae. Por isso, decidi postar. Esperamos que não aconteça o que foi falado. Não tenho alternativa. Meu filho tem 18 anos não tem condição de ir para a rede pública. O único lugar para ele é a Apae”, ressalta Fábia.

“No dia da reunião, resolvemos fazer rifas para algumas mães que não têm com quem deixar os filhos e outras pedágios. Já foi feito pedido da Apae para a prefeitura para que possamos fazer os pedágios. Pretendemos fazer várias vezes. Estou pedindo ajuda em empresas para que doações sejam feitas no banco”, finaliza Lidiane.

Posicionamentos
A Prefeitura de Tatuí informa que há atraso nos repasses federais. Das 12 parcelas previstas em convênio, apenas três foram repassadas. Diante do quadro e da necessidade da Apae, o Executivo antecipa as contrapartidas municipais. Nesta sexta-feira (16), há programação de pagamento de duas parcelas de convênio municipal e estadual. O órgão esclarece ainda que a entidade já recebeu mais de R$ 144 mil em repasses federais, estaduais, municipais e do fundo municipal da criança e do adolescente este ano.

Em nota, a Prefeitura de Itapetininga alega que repassou aproximadamente R$ 144 mil à unidade do município e que todas as contas estão em ordem. A administração municipal explica também que, para receber o dinheiro, a associação deve prestar contas do mês anterior e que só há bloqueio ou suspensão quando falta ou atrasa a apresentação da prestação de contas.

Já o Executivo de Boituva diz que, de acordo com o convênio entre o órgão e a Apae, concedeu R$ 301 mil. Dessa quantia, 290,4 mil foram repassados com recursos próprios da prefeitura, em 12 parcelas; e os outros R$ 11, 5 mil com recursos do governo estadual.

Atendimentos estão prejudicados dentro das ONG's (Foto: Reprodução/ TV TEM)

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