quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Fora do Rift: Ceos, a competição no DNA

Quem vê a tranquilidade de Denilson não imagina a voracidade que existe por competir - e vencer

POR RAFAEL "FOGUETE" BIANCO, no Lol Esports, com edição do DT




06/09/2023 | As ruas de Tatuí estão acostumadas com a calmaria na qual Denilson Oliveira Gonçalves foi criado e carrega consigo mesmo agora que se tornou campeão e explorador do mundo. Da vida tranquila ao protagonismo do agitado cenário de League of Legends, Ceos se tornou a referência de uma das organizações mais midiáticas, explosivas e barulhentas - literalmente LOUD -, mas segue agarrado às suas origens.

Muito ligado à família, Denilson sempre foi um cara mais “centrado”, como ele mesmo descreve, e começou a ter o destaque que sempre mereceu mais recentemente, no período em que a LOUD conquistou o seu bicampeonato. E mesmo agora no momento de maior holofote sobre si, como quando as coisas não estavam tão bem, ele não descolou das duas figuras que mais o acompanharam ao longo da vida.

Roseli é um bom exemplo de mãe coruja e está sempre ligada nas redes sociais, tentando acompanhar de perto todos os passos do filho na carreira. Mas a avó Maria Edna não fica pra trás e também participa das comemorações e dos momentos em que Ceos sente saudade da infância e busca retomar um pouco da sua tranquilidade.

“Quando penso em família, vêm os nomes da minha mãe e da minha avó, são as duas pessoas que me criaram. A minha mãe trabalhou fora da minha cidade por um tempo, então sempre fiquei com a minha avó, e elas me acompanharam a vida inteira. Agora competindo, elas vêm pra cá, assistem e fica meio nisso. Mas sempre quando acaba, tento ir pra minha cidade, passo o final de semana lá e mato um pouco da saudade”, conta.

Em São Paulo, local onde mora por conta do trabalho, o elo para continuar centrado está na namorada, Maísa. E é com ela, além dos companheiros de LOUD, que Ceos divide os momentos de alegria e tristeza da profissão.

“Quando não estou no office treinando, tento passar o maior tempo possível com ela, porque treino de segunda a sexta, aos finais de semana tem jogo, e quando tenho um tempinho livre tento ficar com ela.”

O Suporte faz parte do projeto da LOUD no CBLOL desde o início, quando a organização começou a competir no League of Legends, em 2021. Na época, a criação de conteúdo recebia uma atenção maior do que atualmente, e Ceos nunca escondeu estar um pouco descolado desse perfil.

“Acho que foi bem difícil. Quando eu entrei na LOUD, nos primeiros splits, até o vídeo do anúncio sentia que ‘p…, isso não é o meu mundo, sabe?’. Ter que atuar, fazer umas coisas que não eram muito a minha praia. Mas eu senti que me adaptei ok e já sou bem mais solto comparado ao que era antes nesse quesito de atuar. Fora que a LOUD não está tão focada nesse meio de TikTok, gravações, como era nesse começo”, lembra Ceos.

É fácil de explicar isso ao perguntar, por exemplo, quais são os seus hobbies. Uma série atual? “Drive to Survive, da Fórmula 1”. Um livro? “O do Bernardinho, do vôlei”. Uma música? “As do League of Legends, pra hypar um pouquinho”. Não importa o momento, Ceos está o tempo todo ligado à competitividade.

E não é apenas a competição que alimenta o Denilson, mas o Ceos também faz muito bem ao cenário. Dono de marcas incríveis, o Suporte disputou três finais até aqui na sua carreira e, por incrível que pareça, nunca perdeu um jogo sequer. Foram nove disputados, com nove vitórias e três títulos.

“Eu vivo pela minha profissão, sabe? Nas férias é o tempo que eu consigo sair um pouco, mas nem nesse período eu desligo totalmente desse mundo. Tudo que eu faço é em torno do CBLOL, do LoL. E eu pretendo jogar por muito mais tempo ainda porque é uma coisa que eu gosto e não vejo a minha vida sem isso agora”, explica.



As conquistas alavancaram o até então escondido Denilson ao posto de ídolo de muitos torcedores e jogadores que já olham para o que ele fez e, um dia, pensam em chegar ao mesmo patamar. Hoje, Ceos está empatado com outros dois nomes com os mesmos três títulos de CBLOL: Jockster e RedBert. E terá, na Grande Final deste sábado, a chance de se isolar na lista e se tornar o primeiro da posição com quatro taças.

“Às vezes recebo mensagens de pessoas falando que se inspiram em mim, começaram a jogar de Suporte por minha conta. É uma coisa que no começo eu não pensava muito, mas hoje em dia sinto que algumas pessoas se inspiram em mim sim e isso é muito louco, não era uma coisa que eu imaginava que ia acontecer, mas é um sentimento muito gratificante. Tem pessoas que olham para mim, se espelham e querem ser igual, então é um sentimento de que preciso me dedicar ainda mais, ser um profissional cada vez melhor.”

Antes de se colocar nesse papel, no entanto, Ceos não imaginava chegar no mesmo patamar daqueles jogadores que ele mesmo tinha como referência. O maior exemplo é justamente Jockster, que estava no auge na época em que Ceos sonhava com a possibilidade de se tornar um jogador.

“Quando eu comecei a tentar ser profissional, em 2015, 2016, tinha o Jockster, da INTZ do Exodia, que estava no auge e em quem eu me espelhava muito. Jogava bastante campeonatos T3 e assistia às streams dele pra tentar aprender, e hoje muita gente me compara com ele, não era algo que eu imaginava lá em 2016. Fico muito realizado de ser comparado com os melhores. E se eu ganhar esse CBLOL vai ter uma coisa a mais ainda.”

Mas agora que está no topo, Ceos não deixa a fama subir à cabeça e continua do mesmo jeito, concentrado, focado em apenas fazer o seu trabalho e ajudar a LOUD a ganhar mais um título - sem pensar em que marca isso deixaria na sua carreira.

“Eu sinto que pra mim não muda muito dentro de jogo, não penso muito que preciso ganhar um título porque vou ter mais que os outros Suportes. Eu tento dar o meu máximo, ser o melhor jogador para o meu time e, se tudo der certo, a gente ganha. Isso não é uma coisa que pesa pra mim e mudou muito a minha mentalidade.”



Olhando pra frente, no entanto, Denilson tem dimensão da importância de tudo que tem conquistado e vê com orgulho os últimos passos da carreira, além de ficar feliz também apenas de imaginar quais serão os próximos.

“Acho que no fim da minha carreira, quando eu olhar pra trás e ver o que eu consegui conquistar, com certeza vai dar um sentimento de realização”, finaliza.

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