segunda-feira, 9 de julho de 2018

Vera Holtz lembra da infância no interior e fala da vida sem filhos: 'Para mim, isso não é uma questão'

Mãe de cinco meninas na novela 'Orgulho e Paixão', atriz compara família Benedito com a sua própria, em que cresceu ao lado de quatro irmãs

Paulo Belote/TV Globo

Por Thaís Meinicke, Gshow, Rio

gshow 09/07/2018 - Diariamente, Vera Holtz dá um show de talento e arranca risadas do público como a dona de casa Ofélia Benedito, de Orgulho e Paixão, uma espevitada senhora que tem como meta de vida casar as cinco filhas. Apesar de não ter quase nada em comum com sua personagem na novela das 6 – aos 12 anos, ela já se dizia decidida a não casar –, a atriz vê semelhanças entre suas duas famílias, a real e a da ficção. Criada em Tatuí, cidade do interior de São Paulo, Vera cresceu em um núcleo composto por quatro irmãs.

"O universo lá em casa sempre foi bem feminino. Mamãe não tinha o temperamento da Ofélia, mas também foi uma mulher preparada para o casamento."

A família Benedito reunida, com Ofélia, Felisberto e suas cinco filhas (Foto: João Miguel Junior/TV Globo)

Ela conta que, como quase toda mulher do início do século 20, sua mãe, Terezinha Fraletti Holtz, cresceu em meio às tarefas do lar. "Assim como a Ofélia, ela costurava nossos vestidos, bordava, cozinhava, lavava, passava...", recorda Vera, completando que viveu em um ambiente muito semelhante ao que está sendo retratado na novela: "Minha família é muito grande. Minha mãe teve catorze irmãos, então convivi muito com essa expectativa de casamento e com a quantidade de enxovais que foram feitos. Tinha um tipo certo de ponto, de risco, e cada um tinha um monograma, com as iniciais do nome em cores diferentes".

A numerosa família Holtz reunida ao redor da mesa (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de ser uma jovem do interior, Vera tinha sonhos que iam muito além do casamento tão cobiçado por outras meninas de sua idade. "Fui educada dentro de uma família muito grande e já nasci um pouco assim, diferente, não sei por quê. Os meus chips foram trocados", diverte-se.

"Era muito determinada a Vera Lucia do interior. Ela realmente tinha essa personalidade forte muito presente na vida dela, já veio querendo quebrar modelos de comportamento."

Vera (à direita), com as irmãs Regina, Rosa e Teresa (Foto: Arquivo pessoal)

Vera, no entanto, não tem do que reclamar: foi graças à educação tradicional de sua família que ela teve seu primeiro contato com a arte. "Nós quatro estudamos piano na infância. Algumas seguiram, outras não, mas fazia parte da formação. Foi com a música que iniciei na arte", conta ela, lembrando que o instrumento dava outro ritmo à rotina da casa: "O casarão tinha um piano que era tocado permanentemente e sempre foi muito alegre. Sempre tinha aquele som".

Vera ao piano, instrumento responsável por seu primeiro contato com a arte (Foto: Arquivo pessoal)

Mas, se na ficção a atriz interpreta a mãe zelosa de cinco moças, longe das câmeras não sentiu a necessidade de viver a maternidade. Apesar de ter se casado três vezes, contrariando o que dizia a pequena Vera de 12 anos de idade, não teve filhos. "Acredito que a procriação é uma coisa atávica, mas nunca tive esse atavismo. Nunca realmente pensei na ideia de maternidade, então não é um tema que faz parte da minha vida", explica.

"Nunca me preocupei com a maternidade, sempre dou força para as mulheres que não querem ter filho. Para mim, isso não é uma questão."

Vera Holtz na infância em Tatuí (Foto: Arquivo pessoal)

Para uma mulher que sempre foi bem resolvida em relação ao assunto, Vera teve a oportunidade de viver uma experiência, no mínimo, irreverente. Em 2015, durante a gravação de 'As Quatro Irmãs', documentário que produziu em parceria com Evaldo Mocarzel, a atriz incorporou a matriarca da família Holtz para narrar sua história no casarão em que viviam em Tatuí. "Foi a coisa mais sensacional encenar minha própria mãe", diz.

O filme foi produzido em um momento especial: "A casa completaria cem anos em 2016 e estava pensando em uma forma de celebrar a data. Uma das hipóteses era fazer uma grande reunião com as pessoas que conheceram ou tiveram alguma vivencia no casarão, mas surgiu a ideia do filme e o Evaldo embarcou mesmo na onda. Era um documentário ficcional e as quatro irmãs entraram em cena. Foi muito divertido e veio na hora certa", conclui.

Vera com as três irmãs (Foto: Arquivo pessoal)

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