Na tarde da última sexta (30), o secretário estadual Chefe da Casa Civil, Samuel Moreira, informou ao prefeito de Iperó, Vanderlei Polizeli, que o governador Geraldo Alckmin ordenou a realização do depósito dos cerca de R$ 13 milhões necessários à desapropriação da área de 800 mil metros quadrados onde serão construídas as instalações do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), ao lado do Centro Experimental Aramar, em Iperó.
A confirmação aconteceu após a realização de dois encontros recentemente que trataram sobre o andamento do projeto do RMB. O primeiro, em 3 de abril, no Palácio dos Bandeirantes, contou com a presença do secretário Samuel Moreira, do subsecretário estadual de Relacionamento com Municípios, Murilo Macedo, e do prefeito Vanderlei Polizeli. Nesse encontro também estiveram presentes o diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), contra-almirante André Luís Ferreira Marques, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Altair Souza de Assis, e o diretor da Amazul, Luciano Pagano Júnior. O segundo encontro aconteceu no último dia 15, quando o secretário Chefe da Casa Civil esteve em Iperó e conheceu a área que será desapropriada para a construção do RMB.
Também já houve tratativas com as famílias atualmente proprietárias junto ao processo judicial que envolve a área a ser desapropriada. “Tudo isso foi fundamental para a liberação dos recursos e o apoio do governador na desapropriação. Sem essa desapropriação o projeto não seguiria em frente”, comentou o prefeito Vanderlei Polizeli.
O investimento total para o RMB é de US$ 500 milhões. Ainda de acordo com o prefeito, Iperó é uma das partes interessadas no desenvolvimento do projeto e por isso tem apoiado todas as ações relacionadas ao Reator Multipropósito Brasileiro. “O RMB será um novo centro de pesquisa e desenvolvimento que vai trazer para o município empregos de níveis técnico e superior, além de atrair pesquisadores de todo o país e do exterior. Será o centro de produção de radioisótopos com os quais são produzidos radiofármacos utilizados em todo país, além de permitir a realização de exames de imagem em pacientes de diversas patologias, inclusive câncer, e a realização de tratamentos como a radioterapia. O RMB também vai desenvolver pesquisas na área farmacêutica, contemplando tratamentos complexos na área da Saúde, como as terapias de combate ao câncer e outras doenças tratadas pela medicina nuclear. Além da projeção nacional de Iperó, o reator vai atrair desenvolvimento e tecnologia para o município e a Região Metropolitana de Sorocaba. Junto à Marinha do Brasil, o RMB será o maior centro de tecnologia de pesquisa nuclear do país, atraindo também empresas de alta tecnologia. É uma alegria imensa participar desse projeto de grande importância para milhões de vidas, que será um divisor de águas no futuro do país, de Iperó e de toda a região”, destacou o prefeito Vanderlei Polizeli.
RMB hoje – O empreendimento em Iperó já tem o projeto básico concluído e as licenças prévias junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN, além da outorga de uso da água. Também já foram realizadas audiências públicas e no momento está sendo desenvolvido o combustível nuclear para viabilizar a preparação do reator, que terá 30 megawatts de potência.
O RMB é a mais importante iniciativa para a pesquisa nuclear no Brasil atualmente e permitirá o desenvolvimento de novos radiofármacos. Os investimentos brasileiros na área nuclear permitirão ainda que o RMB, em Iperó, seja o núcleo de um novo grande centro de pesquisa e desenvolvimento.
Após a conclusão, o RMB terá infraestrutura de pesquisa aberta à comunidade científica 24 horas diariamente. Além de fornecer feixes de nêutrons para pesquisa científica, será usado em testes de irradiação de materiais e combustíveis utilizados em usinas nucleares geradoras de eletricidade e submarinos propulsados por reatores nucleares, por exemplo. O reator também produzirá radioisótopos e fontes radioativas para a Saúde, Indústria, Agricultura e Meio ambiente, substituindo importações e gerando exportações.
De acordo com José Augusto Perrotta, que integra a CNEN e é o coordenador técnico do RMB, estão em andamento o projeto detalhado do empreendimento e as ações para se obter a licença de instalação junto ao IBAMA. “Com a licença de instalação, teremos a possibilidade de iniciar os trabalhos visando a implantação do reator. Além disso, vamos estabelecer na área um ponto de apoio do RMB e um centro de informações sobre o projeto. Dependíamos da posse da área para avançarmos nessas questões. A atuação e o apoio do município foram muito importantes para o desenrolar dessa etapa”, explicou Perrotta.