quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Câmara de Boituva encerra CEI e aponta que não houve erro médico na morte de jovem

Ana Paula Saqui de Paula, grávida de nove meses, morreu após dar à luz no Hospital São Luiz, de Boituva, em abril de 2019.

Do G1, com edição do DT

Jovem morreu após o parto normal em hospital de Boituva (SP) — Foto: Igor Aparecido Pereira/Arquivo Pessoal

11/08/2020 | O relatório final da Comissão Especial de Inquérito (CEI) criada para apurar o caso da jovem de 18 anos que morreu após o parto normal em um hospital de Boituva (SP) apontou que não foi constatado erro médico.

Ana Paula Saqui de Paula, grávida de nove meses, deu entrada no Hospital São Luiz na noite de 25 de abril de 2019. Ela morreu após o parto e, na época, a família da vítima registrou um boletim de ocorrência contra o hospital por morte suspeita.

Vereadores do município realizaram a CEI para investigar o caso e a leitura do relatório final da comissão foi feita na sessão da câmara de segunda-feira (10).

De acordo com o documento, não foi constatado erro médico que justificasse ou indicasse negligência ou imprudência por parte da equipe que atendeu a paciente. Foram ouvidas nove testemunhas, entre médicos e servidores, informou a Câmara.

Paciente fez o parto no Hospital São Luiz em Boituva (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM/Arquivo

Ainda conforme a Câmara, o relatório concluiu que o trabalho de parto não teve intercorrências e que o primeiro sangramento da paciente teria sido controlado com metade da dosagem ideal de um medicamento.

A médica responsável pelo caso foi informada de que o hospital não tinha comprimidos em dosagens suficientes e, segundo o relatório, após troca de plantão e exame de sangue, foi solicitado material para a paciente ao banco de sangue de Sorocaba. Devido à gravidade, foi solicitada a transferência dela via Cross.

O relatório apontou que o motorista da ambulância não estava na unidade e a instituição contratou um outro profissional para transferir a paciente. No percurso, Ana Paula teve uma parada cardíaca e passou por reanimação, mas na unidade hospitalar de Sorocaba passou pelos mesmos procedimentos e morreu.

De acordo com a Câmara, os vereadores recomendaram que o hospital mantenha o estoque de medicamentos em dosagens corretas; que a instituição implemente um banco de sangue com dispositivo refrigerado e que o hospital tenha um veículo próprio para transporte de sangue e ambulância com motorista para emergências.

Morte

Ana Paula Saqui de Paula morreu após parto normal em hospital de Boituva (SP) — Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo


De acordo com o registro, Ana Paula, grávida de nove meses, deu entrada na unidade, em Boituva, na noite do dia 25 de abril. A médica que a atendeu prescreveu que a jovem tomasse um soro com um medicamento e sugeriu que ela esperasse pelo trabalho de parto no hospital ou em casa.

A jovem e o companheiro dela optaram, conforme o registro policial, por voltar para a casa. Contudo, na madrugada do dia 26 de abril, eles retornaram à unidade.

A família afirmou também para a polícia que a gestante recebeu atendimento da equipe de enfermagem e às 12h a médica verificou que a dilatação da jovem estava apta para o parto.

Eles relataram que a paciente pediu que fosse feita cesariana e a médica perguntou pelo anestesista. Ainda segundo o B.O., o profissional teria informado que conseguiria chegar ao hospital apenas por volta das 16h.

A médica voltou a tentar o parto normal com o uso do fórceps. Após o parto, Ana Paula foi encaminhada ao quarto do hospital, mas ela começou a ter hemorragia.

Devido à gravidade do caso, a paciente chegou a ser encaminhada a um hospital de Sorocaba (SP), mas não resistiu e morreu antes de chegar na unidade na manhã do dia 27 de abril. O caso foi registrado na Polícia Civil de Boituva.

Após o caso, o hospital abriu sindicância interna para apuração da conduta dos médicos pelo Conselho Regional de Medicina.

De acordo com o hospital, a sindicância interna foi concluída. No entanto, o processo corre em segredo de Justiça.

'Seguindo firmes'

Em entrevista ao G1, Igor Aparecido Pereira contou que se está se desdobrando para cuidar da pequena Estella.

“Nós estamos bem, estamos seguindo firmes. É uma situação complicada porque foi uma perda que tivemos, mas seguimos em frente", disse.

De acordo com ele, a filha é o que o motiva para que possa prosseguir e continuar com a rotina depois da morte de Ana Paula. A avó da criança tem ajudado rapaz a cuidar da bebê.

"Para mim, pai de primeira viagem, é uma experiência inovadora. Ela [a bebê] fica uma semana na minha casa e outra na casa da avó materna. Está crescendo e está super bem", afirmou Igor Aparecido Pereira.

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