segunda-feira, 4 de maio de 2015

Alunos do Conservatório de Tatuí promovem intervenções cênicas no centro da cidade

Alunos do curso de aperfeiçoamento em performance, do setor de artes cênicas do Conservatório de Tatuí, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, realizaram intervenções cênicas no centro da cidade. Por quatro dias, o grupo marcou o início de atividades pedagógicas deste ano colocando em prática propostas de ressignificação de espaço e das relações.

O curso de aperfeiçoamento em performance, ministrado pelo professor João Armando Fabbro, é oferecido no setor de artes cênicas do Conservatório de Tatuí, com oito horas de aulas semanais, ao longo de dois semestres. Ele tem como um de seus objetivos a montagem de um espetáculo de caráter performático ao seu término e que possibilita aos alunos contato e ampliação no que se refere ao entendimento do fazer teatral.

“Este ano, começamos os trabalhos buscando estabelecer uma conexão direta entre a prática e a teoria relacionada ao conceito da performance. Nesta busca, nos debruçamos com duas referências básicas no que tange o assunto: “A arte da Performance” de Jorge Glusberg e “Performance como Linguagem” de Renato Cohen. Os autores apresentam, cada um ao seu modo, uma visão ampliada do surgimento da linguagem, seus rastros na história e seu desenvolvimento, tanto no Brasil como no mundo, o que nos forneceu um panorama sólido sobre o assunto”, afirma o professor Fabbro.

A partir do contato com as referências bibliográficas e seus desdobramentos em vídeos, o grupo de alunos realizou quatro intervenções nas ruas e praças próximas ao setor de artes cênicas, no centro da cidade. “As intervenções surgiram na intenção de colocarmos à prova tanto o que vinha sendo lido, como experimentarmos na prática propostas de ressignificação do espaço e das relações”, afirmou o professor.

A cada intervenção novas ações eram propostas e somadas a outras realizadas em intervenções anteriores. As atividades ocorreram entre os dias 27 de março e 24 de abril. “Nas duas primeiras, chegamos à praça próxima ao setor e começamos a realizar as ações que havíamos determinado em sala (correr, parar e deitar). O simples fato de ampliar o tempo de cada uma destas ações provocou nos atores uma expressividade ampliada, o que gerava sempre um estranhamento nos passantes da praça. Quando muitas vezes os atores deitavam no chão, pessoas paravam e perguntavam o que havia acontecido. Sem respostas, os pedestres iam se juntando em volta do ator, que sem mais nem menos levantava e voltava a correr... ‘é teatro’... alguns diziam, na intenção de justificarem para si o estranhamento, na intenção de darem um lugar justo para nossa insanidade”, descrevem os alunos.

Outras ações foram sendo acrescentadas ao roteiro, tais como, declamar poesias, soltar bolinha de sabão, abraçar pessoas e objetos, tirar fotos com cachorros, servir chá com bolo para um desconhecido etc. Segundo os atores, a intenção sempre foi a de provocar, causar a desordem frente o comum, afetar sobre uma realidade já instaurada, e deixar-se afetar pelo que disso era provocado. “Muitas pessoas se mostravam sólidas nas reações, indiferente. Outras amáveis, curiosas... De uma forma ou de outra, o diálogo se estabeleceu, e as intervenções se mostraram como lugar potente para fricção de material para criação. A cada volta para o setor, escrevíamos, poetizávamos sobre o que havia acontecido, cada qual com seu olhar, da sua forma”, afirmam.

Atualmente, o grupo está finalizando o material que foi escrito com vistas a outras relações com textos, filmes, musicas, inquietações pessoais e tudo mais que possa vir a potencializar a criação.

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