sábado, 11 de abril de 2015

‘Desorientação’ levou família à denúncia, diz médico sobre morte de idoso



Responsável pelo PS de Tatuí defendeu equipe médica.
Família afirmou que paciente morreu por falta de hemodiálise.

Do G1 - O médico responsável pelo pronto-socorro municipal de Tatuí, Luiz Gameiro, alegou desorientação como motivo da denúncia de uma família de Pedro Lima, de 81 anos, que morreu na terça-feira (7) após quatro dias internado. A família afirmou àTV TEM que o idoso havia morrido por falta de sessão de hemodiálise. No mesmo dia, a unidade médica confirmou que não dispunha do equipamento médico no momento.

Mas, segundo Gameiro, a falta da sessão de hemodiálise não foi crucial para a morte do paciente. “Acho importante a família entender, eu sei que é difícil, que não é porque ele perdeu uma sessão de hemodiálise é que justifica a morte dele. O rim naquele momento não era o mais importante, ele não estava em uma emergência dialítica, ou seja, o que salvaria a vida seria uma hemodiálise. Não era esse o caso.”

Para ele, houve falha na comunicação entre a equipe médica e a família. “As informações eram diferentes, cada plantonista tem uma forma de falar. No primeiro momento poderiam ter falado: ‘Vamos estabiliza-lo e amanhã fazemos a hemodiálise.’ No dia seguinte ele [o idoso] piorou muito e não poderia fazer a hemodiálise. A família, então, pensou: ‘Ele iria fazer a hemodiálise e agora não vai mais?’ A família que está com o familiar internado está todos os dias de manhã e a tarde no hospital. Ela [a família] então tem informações de diferentes, de pessoas diferentes e ocasiões diferentes. Isso, com frequência, gera desorientação”, diz.

Ele afirma ainda que o idoso não tinha condições de passar pela máquina. “O paciente com pressão arterial muito baixa, como era o caso dele, se entrar na máquina, mesmo com medicamentos potentes, a pressão do corpo para circular o sangue aos órgãos nobres, no caso o coração e o cérebro, está muito baixa. Se desvia esse sangue para uma máquina, o tratamento de hemodiálise é como se fosse uma circulação extracorpórea: o sangue circula dentro e fora do corpo. Com isso a pressão iria cair ainda mais, e já estava no mínimo”, alega.

Gameiro ainda explica como a equipe médica agiu durante os dias em que o Lima ficou internado: “O paciente deu entrada na sexta-feira (3) por volta das 12h com um quadro de insuficiência respiratória aguda grave. Apresentava desconforto respiratório muito grande. Até na entrada a saturação do oxigênio dele estava em 53%, sendo que o normal é acima de 94%, ou seja, com baixo oxigênio no sangue. Conseguiu se estabilizar a parte respiratória, sabia-se que ele tinha uma sessão de hemodiálise na própria sexta-feira à tarde, no entanto, devido a condição extrema ele não poderia ser submetido ao procedimento. Precisaria primeiro se estabilizar o quadro clínico, porque existem pré-requisitos para se fazer uma hemodiálise, não pode ter contraindicações graves”, finaliza.

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