quarta-feira, 29 de abril de 2015

'Abujamra foi um grande mestre', diz a atriz Vera Holtz

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Colegas lamentaram a morte de Antônio Abujamra ao longo desta terça-feira (28). O ator e diretor, conhecido do público pelo papel de Ravengar na novela "Que Rei Sou Eu?" (1989) e por "Provocações", da TV Cultura, dedicou a carreira ao teatro e dirigiu peças como "Um Certo Hamlet", com a qual venceu o Prêmio Molière de melhor direção. A atriz tatuiana Vera Holtz elogiou a autoridade de Abujamra como diretor, e diz que trabalhar com ele foi "fundamental" à sua formação. "Ele multiplicava os nossos pontos de vista não só sobre trabalho, mas também sobre o mundo", afirmou ela à reportagem. Abaixo, a repercussão. Vera Holtz, atriz "Abujamra para a minha formação foi fundamental. Ele obrigava a gente a não ficar voltado só para o nosso mundo. Ele multiplicava os nossos pontos de vista não só sobre o trabalho, mas também sobre o mundo. Dizia: 'saia disso', desse mundo autocentrado. Mas era muito amoroso, sem perder a autoridade. Era um grande regente, um grande diretor. Para mim, ele foi realmente um grande mestre. Nós fizemos juntos 'Fedra', depois uma versão feminina de 'Um Certo Hamlet'. Eu estreei com Abujamra em novelas com 'Que Rei Sou Eu?'. Essa relação foi expandida em [o grupo teatral] Os Fodidos Privilegiados. Ele é especial, o Abu segue com a gente." 

Sobre Abujamra

JORNAL OPÇÃO - O diretor e ator de teatro Antonio Abujamra, apresentador do programa de entrevistas “Provocações”, da TV Cultura, morreu na manhã de terça-feira, 28, em São Paulo. Ele tinha 82 anos. Foi encontrado morto, possivelmente de infarto.

Formado em Filosofia e Jornalismo, Abujamra, o Abu, era sobretudo um homem culto, criativo e produtivo. Estudou teatro Madri, Paris e Berlim.

Principal responsável pela adoção dos métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon no Brasil, Abujamra montou “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams, e “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Eugène Ionesco. Profissionalmente, estreou com a peça “Raízes”, de Arnold Wesker.

Diretor inquieto, sempre atento aos ventos da renovação, adaptou Harold Pinter no Brasil; por exemplo, “O Encarregado”. Com “Um Certo Hamlet” — com as atrizes Cláudia Abreu e Vera Holtz no elenco —, Abujamra ganhou o Prêmio Molière. Ganhou o Prêmio Shell de 1977 com “O Casamento”.

Abujamra, polêmico e cortante, dizia sempre: “Sem humor, não dá”. Aos que o incomodavam com problemas de escassa importância, secava: “Por favor, não vamos tropeçar em palitos de fósforo”.

Sua montagem de “Antígona”, com Glauce Rocha, enfrentou problemas com a censura. A censura vetou suas peças “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, em 1965, e “Abajur Lilás”, de Plínio Marques, em 1975. Ele era tão desbocado quanto Plínio Marques.

Como ator, Abumjara atuou nas novelas “Que rei sou eu?” (era o bruxo Ravengar), da TV Globo, e “Os Ossos do Barão”, do SBT.

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