sábado, 6 de julho de 2013

Habilitada ao Inovar-Auto, Metro-Shacman acelera projeto de fábrica brasileira

GIOVANNA RIATO, AB - 06/07/2013 |  Depois de ser habilitada ao Inovar-Auto, a Metro-Shacman acelera o projeto de sua fábrica brasileira, que será instalada em Tatuí (SP). A planta local está prometida desde 2011 e atrasou com a demora na definição de uma política industrial para o setor automotivo. Agora a empresa está inscrita na terceira categoria do regime automotivo, reservada a companhias com planos de investimento no Brasil.

Em entrevista para Automotive Business, o diretor de desenvolvimento de negócios, Marcos Gonzalez, revelou que a próxima meta da companhia é aprovar financiamento do investimento no BNDES. Ele ainda não definiu qual será a melhor forma de concretizar o aporte de R$ 400 milhões previsto para a fábrica. “Já aplicamos recursos próprio no terreno e na contratação da empresa que fará a adequação da planta para receber as linhas de montagem”, conta.  Segundo ele, o local tem um prédio que, com as devidas adaptações, poderá abrigar a produção da empresa. Por enquanto a empresa ainda não acordou qual será a participação da matriz chinesa no empreendimento. “Pode ser que a cooperação deles não seja apenas com dinheiro, mas com ferramentas, equipamentos ou até produtos. Há algumas alternativas”, explica o executivo.
 OPERAÇÃO E PRODUTOS 

O objetivo da companhia é iniciar a operação brasileira no segundo semestre de 2014, com capacidade produtiva para cinco mil caminhões por ano. Gonzalez espera a fabricação de 600 unidades já no ano que vem. Em 2015 esse número salta para 1,5 mil unidades. Em cinco anos, a capacidade anual deve saltar 30 mil veículos. “A linha será implantada em etapas. Seria arrogância chegar de uma vez esperando entrar no mercado com grande participação”, acredita. 

A Metro-Shacman promete começar as atividades com um modelo pesado já com 60% de conteúdo local, com possibilidade de financiamento pelo BNDES/Finame. A partir daí a fábrica nacional deve, gradativamente, passar a produzir mais modelos da gama atual da marca no Brasil, que inclui cinco versões, e caminhões médios. A maneira como essa evolução acontecerá ainda está em estudo.

“Estamos negociando com fornecedores tradicionais de caminhões”, adianta Gonzalez. Até agora, apenas a Cummins está confirmada. A companhia já fornece os motores dos caminhões da marca na China. Gonzalez admite estar em contato com Eaton, Dana, Meritor, Suspensys, entre outras. 

A princípio a fábrica brasileira abastecerá apenas o mercado interno. Posteriormente a unidade pretende atender outros países da América Latina que hoje importam os caminhões da marca produzidos na China. “Isso vai demorar algum tempo, já que fabricaremos aqui caminhões Euro 5 e os outros países têm legislações de emissões diferentes”, lembra. 

VENDAS

Paralelamente a empresa trabalha no desenvolvimento de sua rede de concessionárias, hoje apenas com duas casas no Centro-Oeste brasileiro. “A terceira será aberta em breve”, antecipa Gonzalez. A revenda será instalada na mesma região, que, segundo o executivo, é para onde os caminhões da marca têm vocação. 

A diretoria da empresa estuda a melhor forma de expandir a rede a partir de agora. Outra questão importante é como a Metro-Shacman aproveitará as cotas de importação do Inovar-Auto. Com a habilitação ao programa, a empresa poderá importar 1.250 caminhões por semestre sem pagar o adicional de 30 pontos no IPI. Com o benefício, a companhia tem mais chances de elevar seu volume de vendas no País. Segundo dados do Renavam, foram emplacados apenas 16 caminhões da marca no primeiro semestre deste ano. 

INVESTIMENTO EM CARUARU 

Em maio do ano passado, o grupo chinês Shaanxi Automobile, que detém o controle da Shacman e de empresas de autopeças e motores, anunciou investimento de R$ 1 bilhão em Caruaru (PE). Gonzalez esclarece que a fábrica de caminhões em Tatuí não significa necessariamente que o investimento tenha sido cancelado. “Esse projeto é do grupo. Eles podem se instalar na região com outras empresas.” 

Segundo ele, a decisão de trazer a Shacman para São Paulo com investimento independente driblou o burocrático processo de aprovação de uma planta em Pernambuco. Além disso, o executivo lembra que, no Sudeste, a empresa está mais próxima do mercado consumidor, tem boas condições logísticas e fácil acesso aos fornecedores.

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