terça-feira, 29 de maio de 2012

Concerto didático com a obra ballet “Petrushka”, de Igor Stravinsky

Parceria com a Prefeitura de Tatuí permitiu a alunos do ensino fundamental reescreverem a história da obra
A Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí, corpo artístico da Secretaria de Estado da Cultura, realiza cinco concertos didáticos com o balé “Petrushka”, nos dias 30 e 31 de maio, sempre às 10h e 14h, e dia 2 de junho, às 20h30, no Teatro Procópio Ferreira. O concerto didático engloba um projeto trabalhado junto às escolas do ensino fundamental de Tatuí, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e o Dape (Divisão de Aperfeiçoamento e Pesquisa Educacional). Os alunos participaram de um concurso de redação, atividades didáticas na sala de aula e presenciaram os ensaios do grupo do Conservatório de Tatuí.

O balé “Petrushka” é uma importante obra da música clássica, e é de autoria do compositor russo Igor Stravinsky. Foi escrita em 1911, com tema principal de uma história russa de teatro de bonecos. Em sua música, Stravinsky explora texturas orquestrais em várias “camadas”, ideias sendo trocadas ao mesmo tempo, como canções folclóricas russas e progressões harmônicas muito diferentes das tradicionais. “Stravinsky usa também, neste balé, a revolucionária idéia da bitonalidade, ou seja, geralmente os compositores utilizam-se de apenas uma tonalidade, dó maior, mi menor, porém, Stravinsky experimenta usar duas tonalidades ao mesmo tempo”, afirmou o regente da Banda Sinfônica, Dario Sotelo.

No concerto serão apresentados os quatro movimentos da obra: “The Shrove”, “Petrushka”, “The Blackmoor” e “The Shorve – Tide Fair and the Death of Petrushka”. Enquanto a Banda Sinfônica executa a obra, atores da Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí, encenam “Petrushka Express”, criada pela classe do sétimo A, da escola Nebam, vencedora do concurso municipal elaborado para alunos reescreverem a história do ballet “Petrushka”. A peça, com direção cênica de Marcos Caresia, foge um pouco do contexto original da obra, situando-a em tempos modernos e propondo uma crítica ao pensamento da população de uma cidade imaginária que anseia em receber a rede de fast-food Mac Express, símbolo de progresso e modernidade.

No decorrer da história, Petrushka, um jovem faxineiro da nova rede de fast food da cidade, apaixona-se pela colega de trabalho, a atendente Beatriz. Porém, o dono da empresa, o Sr. Mac William, não permite namoros entre seus colaboradores, com a prerrogativa de que “a produtividade jamais poderá ser prejudicada por ‘paixonites’ entre seus funcionários”, destaca o texto da aluna do Nebam. Beatriz, uma jovem atraente e gananciosa, desdenha Petrushka e tenta encantar Maurício, gerente da Mac Express, capacho do Sr. Mac William, homem rico e solteiro.

“Foram mais de três meses de desenvolvimento do projeto. No concerto, a música continua a mesma, não haverá modificações do original. Porém, a história é diferente, mas com as mesmas características, de manipulação e o processo de transformação do ser humano”, explicou Dario Sotelo, o idealizador do projeto.

Atividades pedagógicas
Participam deste projeto quatro escolas municipais de Tatuí, do ensino fundamental: Núcleo de Educação Básica Municipal "Ayrton Senna da Silva" NEBAM, EMEF “Profª Lígia Vieira de Camargo Del Fiol”, EMEF Profª Maria Helena Machado e EMEF "Prof° Alan Alves de Araújo". O projeto teve também a coordenação do Dape. Antes dos alunos irem aos ensaios dos atores da Cia de Teatro com a Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí, tiveram diversas atividades em sala de aula, que ofereceram os subsídios necessários para a reescrita e atualização da história do “Ballet Petrushka”.

“Quando o maestro Dario Sotelo apresentou o projeto, fiquei bastante interessada, pois faríamos com que os alunos ampliassem o conhecimento cultural, tivessem contato com músicos renomados e também estariam no ambiento do Conservatório de Tatuí, o que muitos alunos ainda não conhecem”, afirmou Juliana de Faria Fazzane, coordenadora pedagógica do Dape.

Ao todo, consta no projeto apresentado pelo maestro Dario Sotelo, são cinco atividades: A primeira é ler o resumo da história da obra e o conhecimento dos elementos básicos, como dança, música e dramatização. A segunda pede a comparação com outras histórias, além de listar elementos como enredo, personagens, ambiente, cenário, tema e ponto de vista (perspectiva da qual a história foi concebida, contada e a maneira usada pelo autor para revelar os personagens, ações e idéias).

A terceira atividade consiste em motivar a discussão e reflexão das relações humanas, pessoais, profissionais, política. A quarta apresenta a obra aos alunos, com o acompanhamento da ação com a duração de cada cena, ritmo da ação com base no ritmo da música, como a música enfatiza e conduz ação e a relação dos instrumentos e a característica da cena ou ação. A última atividade é o ato de reescrever a história.

“Eu não imaginava que o projeto fosse tão bem aceito pelos alunos. Essa foi a primeira vez que eu acompanhei-o por inteiro, e fiquei surpresa com o interesse dos estudantes e o crescimento dos alunos e professores”, explicou Juliana. “O concurso de redação também foi bastante importante, pois os alunos trabalharam com um gênero teatral, diferente do estão acostumados. Também pudemos verificar as dificuldades da cada aluno e das escolas”, finalizou.

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