quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Show de bala

Aprenda a preparar as balas de coco mais famosas de Tatuí: úmidas, macias e que derretem na boca

Rita Grimm, de Tatuí, especial para o iG São Paulo 

Foto: Rita Grimm
Depois de quatro horas descansando, a bala está no ponto que derrete na boca


Na Tatuí dos anos 60 e 70, dona Maria Aparecida Oliveira Barros era conhecida como a Cida do Zezico. Zezico era seu marido. Dona Cida começou a lidar com doces com bolos de aniversário, mas acabou virando especialista em bala de coco e fios de ovos. Sua casa era muito movimentada e ela era mulher muito generosa. Além de produzir os trabalhosos doces, ensinava muita gente a fazer. Era um entra e sai de moças interessadas em aprender seus segredos e logo a Cida seria uma doceira famosa. Suas delícias ganharam outras regiões e, com o número de encomendas cada vez maior, ela precisou contratar mais gente.

No começo dos anos 80, dona Cida tinha um pequeno ajudante. Era um garoto de 13 anos chamado Silas Pires dos Santos. De família simples e mais dez irmãos, Silas tinha uma missão importante: regar as plantas do jardim, o xodó da Cida. No entanto, logo o menino começou a aprender o ofício dos doces e virou assistente. “Fazer bala de coco é muito complicado”, explica. “Eu queria muito aprender. Praticava à noite para conhecer bem os pontos da bala. Errava, acertava, errava de novo, é muito sutil a diferença entre acertar e errar. A bala é sensível, tenho de estar de bem com a vida senão ela desanda.”

Ele conta que, num dia oportuno, quando dona Cida estava bem ocupada, pediu para fazer sozinho todo o processo da bala. Surpreendeu-a com doces perfeitos e ganhou sua confiança para sempre. Quando o marido, Zezico, adoeceu, Silas entrou na linha de produção das balas, liderou toda uma equipe de doceiras e tirou a responsabilidade de dona Cida para ela poder ficar com o marido.

Desde então, passou a se encarregar de tudo. O casal não teve filhos e, quando morreu, dona Cida deixou o negócio para Silas, que recorda de tudo com muito carinho. Hoje, suas balas são as mais famosas da cidade, úmidas, macias e que derretem na boca. “Se o telefone toca enquanto estou puxando as balas, eu não atendo, senão perco o ponto”, sorri.

A bala de coco é também conhecida como bala de alfenim. Alfenim quer dizer confeito de massa de açúcar ou, ainda, melindre, fragilidade, delicadeza.

Silas ensina a receita. Mas adverte: “Será necessário primeiro errar para depois acertar”.

Bala de coco
Rendimento: 1 quilo de balas

Ingredientes

1 garrafa de 200 ml de leite de coco
1kg de açúcar refinado
100 ml de água (pode usar como medida, ½ garrafinha do leite de coco)
Gotas de limão
200g de coco ralado

Modo de preparo

1. Em fogo médio adicione todos os ingredientes colocando por último as gotas de limão. Mexa bem até ferver.

2. Quando a massa adquirir um tom perolado, desligue o fogo e estique-a ainda bem quente sobre uma pedra de mármore (ou granito) untada.

3. Utilizando um gancho na parede (desses de pendurar toalhas), puxe e estique a massa repetidas vezes, com vigor, até que ela fique bem clarinha.

4. Jogue o coco ralado sobre o mármore e faça tiras com a massa sobre ele. Como as tiras da foto, na galeria de imagens acima.

5. Corte as tiras em cubinhos com uma boa tesoura. É preciso firmeza.

6. Reserve até a massa endurecer. Depois de quatro horas, estará no ponto que derrete na boca.

Serviço
Silas – Balas de Coco


Rua 7 de maio, 527
Tatuí – São Paulo
Tel: (15) 3251 1223 / 9633 9517

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